Trago dois motes tirados do primeiro discurso de Aécio Neves na Tribuna do Senado:
O primeiro: “… por mais que queiram, os partidos não se definem pelo discurso que fazem, nem pelas causas que dizem defender. Um partido se define pelas ações que pratica. Pela forma como responde aos desafios da realidade.”
E o segundo:
“Hoje, o Brasil não acredita mais no discurso que tenta apontar uma falsa contradição entre responsabilidade administrativa e conquistas sociais. Em 2002, quando criamos a expressão 'choque de gestão' -- e fomos criticados por nossos adversários -- tínhamos como objetivo afirmar que não pode haver avanço social permanente, sem responsabilidade administrativa. Os emblemáticos avanços de Minas Gerais comprovam a tese.”
Em nome, suponho, dos avanços sociais e da responsabilidade administrativa dois nomes de peso foram convocados a contribuir: do já nem tão nanico PR [nome adotado pelo PL depois do mensalão com a adesão de gente como o ex-vice-governador Clésio Andrade, também ex-sócio de um tal de Marcos Valério, hoje senador] vem Edmar Moreira, conhecido como "deputado do Castelo". Não foi reeleito nas eleições passadas, mas foi nomeado pelo novo governador de Minas Gerais para a vice-diretoria da empresa da administração indireta vinculada à Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais, com salário de R$ 11 mil. Do nanico PMN vem Wellington Magalhães, vereador de Belo Horizonte que trocava sopa por votos, foi condenado por abuso de poder econômico em 2008 e assim impedido de concorrer a assembléia legislativa de Minas Gerais. Foi nomeado vice-diretor geral da Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais (Ademg), com salário de R$7 mil.
Já faz tempo que o escândalo do mensalão [três anos depois do tal "choque de gestão"] ocupava as manchetes de todos jornais brasileiros. Inicialmente pelo menos, se não me falha a memória, o assunto era justamente o aliciamento de políticos de partidos nanicos a apoiar o governo no congresso. Muito além de discursos, sopas e castelos, certas práticas e falsas contradições deveriam ser mesmo assunto fundamental da pauta dos jornais e da conversa sobre política. Mas não são.
Comments
de longe ou de perto, é visível a falta que uma imprensa minimamente competente faz em Minas Gerais. Um lugar que forma excelentes escritores nao consegue ter um jornal decente?