Ingmar Bergman cria, com um orçamento curtíssimo, uma mini-série de televisão de seis capítulos, quase toda filmada em Faro com dois de seus atores favoritos em mente como um casal: Liv Ullman e Erland Josephson. Liv Ullman volta de Hollywood correndo em troca do salário mínimo da categoria e de uma temporada sem luxos mas com um trabalho que a entusiasma. A série de cinco horas é praticamente toda feita dos dois atores falando sem parar o texto de Bergman, que não admite improvisos nas falas mas coloca câmera, fotografia, luz, enfim, tudo a serviço dos dois atores. Liv Ullman comentou que o filme poderia ter sido feito por algum seguidor do Dogma95, mas sinceramente, só se algum deles chegasse aos pés de Bergman em termos de clareza e contundência sem ostentação de pobreza franciscana.
O surpreendente é que a mini-série fez um sucesso estrondoso na Suécia quando foi lançada e o filme [condensado das cinco horas de mini-série] rodou o mundo inteiro com enorme sucesso.
Em pleno apogeu dos filmes desastre e filmes catástrofe, Bergman encontrou o sucesso fazendo uma… telenovela barata! Todos os seis capítulos são centrados no diálogo do casal, as cenas são quase todas em ambientes fechados pequeno-burgueses e o tópico é sempre o relacionamento de amor/ódio dos dois protagonistas em suas aventuras sentimentais dentro e fora do casamento. Só que como Bergman é Bergman a série termina diferente das novelas de televisão… bom eu não vou contar o final da série, mas só adianto que as taxas de divórcio na Suécia dobraram em 1973, ano em que Cenas de um casamento foi mostrado. Essa é uma cena que não consta do filme, tirada do primeiro episódio, chamado “Inocência e Pânico”.
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