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Voltamos. A viagem foi sem surpresas e mesmo sem surpresas é uma viagem dura e longa - quase vinte e quatro horas se contarmos a saída de Belo Horizonte para Confins e a viagem de Nova Iorque para New Haven. Mas não só pelo longo percurso de táxi, avião pequeno, avião grande e carro até chegar em casa que essa viagem é dura. A viagem é dura por causa das muitas despedidas em Belo Horizonte, duras despedidas porque sabemos que agora só daqui há quase um ano, porque sabemos que morar em dois lugares ao mesmo tempo é, no fim das contas, uma ilusão.
A chegada é bem melhor: calor de fim de verão e a meninada de chinelo de dedo na rua, cogumelos frescos e cerejas gordinhas no supermercado, nossa casa dos anos 30 com suas janelas amplas e pé-direito bem alto, os livros e presentes que chegaram da viagem intactos.
O sol morto do Códice Bórgia desenhado por Covarrubias
Adeus, Belo Horizonte.

Comments

eu tenho sentimentos proximos, mesmo em viagens mais curtas. (viajar é horrível, talvez)

leva alguns dias pra chegar de fato, e esquecer de modo saudavel o que ficou para tras.
Eu vivo dez meses aqui nos EUA e dois meses em Belo Horizonte. É um certo masoquismo que só se explica mesmo pelo medo de não ser coisa nenhuma depois de seis anos no estrangeiro.

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