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Só o amor constrói?!


No mundo cor-de-rosa todos os escritores fazem livros para salvar o mundo da maldade, pregar a liberdade e a felicidade geral da nação e trazer paz e amor ao mundo. No mundo real muita coisa muito excelente já foi escrita em cima de coisas nada cor-de-rosas, como por exemplo, medo e ódio, mesclados nesse estado de fabulação compulsiva comumente diagnosticado como paranóia. Vejam o caso da escritora Elena Garro, que numa entrevista disse o seguinte do seu ex-marido:

"Yo vivo contra él, estudié contra él, hablé contra él, tuve amantes contra él, escribí contra él y defendí a los indios contra él. Escribí de política contra él, en fin, todo, todo, todo lo que soy es contra él. Mira, Gabriela, en la vida no tienes más que un enemigo y con eso basta. Y mi enemigo es Paz."

Dá até para traduzir o trem como um belo poema de escárnio. Olha só:

Garro contra Paz
“Vivo contra ele,
Estudei contra ele,
Falei contra ele,
Tive amantes contra ele,
Escrevi contra ele
E defendi os índios contra ele.

Olha, Gabriela,
Na vida não temos
mais que um inimigo,
e já basta.
O meu inimigo é Paz.”

Elena Garro quando casada com o seu inimigo


Comments

Anonymous said…
ótimo!
(tata)
Fiquei pensando em chamar essa série de "Só o amor destrói" pelo valor do trocadilho, mas teria que ser uma coisa do tipo "só o ódio constrói" mas aí tbm já exagera pro outro lado, né, Tata.
Anonymous said…
(pelo sentido, não pelo trocadilho)Pensei numa música que não lembro de quem é a letra. Quando eu era pequena, ouvia a Elis cantar essa parte - "(...)o amor e o ódio se irmanam na fogueira da paixão" - e achava muito brega. rs... Ah, e tinha outra do Chico com o Francis Hime, que era a Elis cantando no mesmo vinil da mãe, assim: "(...)pra me vingar a qualquer preço, te adorando pelo avesso"
(tata)

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