Skip to main content

Diário da Babilônia

Estive em Walden:



Visitei a réplica da casa que Thoreau construiu. No meio do inverno foi impossível não lembrar do trecho do livro sobre o inverno na cabana:

"AFTER A STILL winter night I awoke with the impression that some question had been put to me, which I had been endeavoring in vain to answer in my sleep, as what how when where? But there was dawning Nature, in whom all creatures live, looking in at my broad windows with serene and satisfied face, and no question on her lips. I awoke to an answered question, to Nature and daylight. The snow lying deep on the earth dotted with young pines, and the very slope of the hill on which my house is placed, seemed to say, Forward! Nature puts no question and answers none which we mortals ask. She has long ago taken her resolution."

Walden é um livro magnífico e pode ser lido em inglês com notas e ilustrações aqui. Além do mais a tradutora Denise Bottman criou uma ótima fonte para o Walden aqui.

Comments

sabina said…
Nossa, que linda visita.

Uma vez visitei a casa de Quiroga, na fronteira da Argentina com Paraguai.

Tinha um aspecto parecido, mas mais rústico.
Concord é um lugar muito interessante, uma cidadezinha perto de Boston e Harvard onde moraram, mais ou menos na mesma época, Emerson, Louisa May Alcott, Hawthorne e Thoreau.
Thoreau pediu emprestado um terreno isolado, mas não muito longe da cidade e viveu lá por quase dois anos, de forma o mais auto-suficiente possível. Ele mesmo construiu a casa e fez o roçado do qual se alimentou. Não era uma vida de eremita; ele encontrava-se com pescadores, lenhadores e recebia visitas, além de ir à cidade de vez em quando comprar alguma coisa. O livro é lindo, um livro de jventude, de um cara novo, nem um pouco conformado com a vida burguesa que se oferecia para ele.
Não sei se vc sabe, mas ele escreveu "Desobediência Civil", livro que inspirou Ghandi e MLK - ele foi preso por se recusar publicamente a pagar os impostos, que ele alegava que iam ser usados para a guerra durante a invasão dos EUA no México.
Catatau said…
Olá Paulo,

Duas agradáveis surpresas: sua visita a Walden com a bela passagem (que oportunidade legal!), e seu livro.

Nisso quero dizer: parabéns pelo lançamento! A considerar os excelentes comentarios do seu blog e os que tive a oportunidade de receber, o livro deve ser excelente.

um grande abraço,
Grande Catatau!
Que honra "ver" vc por aqui! Vc está no fcbk?
denise bottmann said…
ha, que legal, estiveste lá, então? viva!
e obrigada pela menção ao Lendo Walden :-)
Seus blogues são o máximo, Denise, recomendo a qualquer um.

Popular posts from this blog

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...