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Escavando Notas: Refletindo sobre o melodrama com Peter Brooks

Se a histeria é uma forma de escrita corporal, no qual um afeto reprimido é representado no corpo e o melodrama é um impulso no sentido da dramatização, da intensificação e da expressão para uma dramaturgia da hipérbole, do excesso, da excitação, então a telenovela é um gênero histérico. A analogia não me satisfaz porque a histeria é um fenômeno que exclui a agência. A pessoa se comporta histericamente sem querer e o melodrama é uma composição ficcional que, tão planejada/espontânea como qualquer outra, envolve escolhas criativas. Esse negócio de histeria não esgota o que o melodrama quer fazer.

Bacon Melodramatizando Velázquez?

Uma solução para essa insuficiência e essa atitude superior do crítico com relação ao que ele estuda que eu acho lamentável, é complementar a idéia de um estilo histérico com outra maneira de abordar o melodrama, dizendo que o melodrama é um estilo que se recusa a proclamar a banalidade do dia-a-dia pequeno-burguês, insistindo no cidadão ordinário/comum como alguém envolvido em escolhas altamente significativas, insistindo que a realidade desse cidadão pode ser altamente significativa, crucial, importante.

Nada disso diz absolutamente nada sobre a qualidade do melodrama, que sofre com um agudo preconceito de classe. Um melodrama como melodrama pode ser sensacional ou horroroso. Se julgado a partir do ponto de vista "superior" [daí meu pé atrás com a tal analogia com a histeria], ele sempre vai ser desprezado, mesmo quando ele for GRANDE.

Dolores del Río era bem mais discreta...
Carminha está mais para...

María Félix em Doña Bárbara!









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