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Sobre quando um comportamento perverso parece uma questão de sobrevivência

Arte minha: Curiosidades
Bruno Bettelheim, que virou um bicho papão para muita gente, tem uma iluminação preciosa sobre o que as pessoas identificam como comportamento inadequado ou problemático de certas crianças, aquelas que ele tratava no seu centro em Chicago. Numa tradução bem livre:

"Você precisa entender que esse comportamento é a maior realização da vida dessa criança. Para ele, aquele comportamento perverso é o que salva a sua vida" 

Penso nisso sempre que me deparo com um comportamento, infantil ou adulto, que não consigo compreender bem. Para tentar ser menos obscuro, dou um exemplo: as brigas enlouquecidas entre torcedores de futebol que literalmente se matam na rua ou no estádio. É fácil dizer: são loucos, são fanáticos, são estúpidos. Tudo isso pode até ser verdade, mas e daí?

Sobre Bruno Bettelheim, se alguém tem interesse, há um par de artigos interessantes: uma resenha de uma série de livros sobre ele por Robert Gottlieb e uma réplica inteligente de Jacquelyn Seevak Sanders, acompanhada por uma breve tréplica final de Gottlieb. 



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