Era uma vez um compositor com pouco mais de 60 anos, à beira da morte. Uma década antes ela havia afirmado que a função principal de um compositor como ele era "ser útil e ser útil para os vivos". Ele então resolve aproveitar o resto de tempo de vida dele e mais uma vez ser útil. Útil para nós, os vivos, uma última vez. A qualidade abstrata de uma música como essa, instrumental sem letra, faz dela um verdadeiro Bombril musical, de 1001 utilidades. Hoje essa versão aí de cima do quarteto de cordas de Benjamin Britten interpretado pelo Ives Quartet e felizmente tão facilmente acessível no iutúbio é para mim uma questão de vida ou morte. Mais ou menos meia-hora de música, escutada duas vezes seguidas na penumbra, com portas e janelas fechadas para encher o ambiente e restaurar minha sanidade [relativa]. Como efeito quase colateral, essa hora de música talvez até me dê um pouco de clareza sobre a minha própria utilidade no mundo. Meu valor, minha valia principal é compartilhar aqui com meia dúzia de perdidos como eu essa meia-hora de música. E um poema ilustrado em três versos:
Onde estou, aonde fui, onde sou
nesse escuro onde não se distingue
entre o azeite e o sangue na poça
Arte minha: Arbusto Acidental na Parede |
Comments