Pessimismo inconformado [mas progressista] de Manuel Bomfim em 1905:
Pessimismo inconformado (e reacionário) de Oliveira Viana em 1920:
"Há um século estamos sendo como os fumadores de ópio, no meio de raças ativas, audazes e progressivas. Há um século estamos vivendo de sonhos e ficções, no meio de povos práticos e objetivos. Há um século estamos cultivando a política do devaneio e da ilusão diante de homens de ação e de prea, que, por toda parte, em todas as regiões do globo, vão plantando, pela paz ou pela força, os padrões da sua soberania. Nesse contato, que se torna cada vez mais estreito, o nosso destino já está pré-traçado. É o das panelas de barro do apólogo, que giram e regiram no mesmo remanso ao lado das panelas de ferro, e aquelas acabam, num choque, espedaçando."
(Populações Meridionais do Brasil, 58)
Ninguém se deteve a examinar o caso e procurar os
meios eficazes de se fazer a transformação na produção. Não viam, sequer, que o
trabalho livre deve ser inteligente e aperfeiçoado, e que era mister, antes de
mais nada, educar o trabalhador, instruí-lo, levar o produtor a melhorar os
seus processos, meio único de compensar a barateza do trabalho escravo que se
perdia. Disto não se cogitou. Decretou-se a libertação, e foram-se todos,
considerando a reforma como acabada; e se alguém ainda se ocupou do caso – foi
para pedir ou propor que se importassem braços baratos, que pudessem substituir
os antigos escravos, nada se alterando nos costumes e nos processos: chineses
ou italianos, que viessem ocupar as antigas senzalas – um salário baixo,
equivalente à alimentação e ao juro do preço do negro... tudo mais como dantes.
Quanto a essa população das classes inferiores, antigos escravos, nacionais
proletários – quanto a estes: que sejam obrigados por lei a trabalhar; pedem-se
leis sobre a vagabundagem, lei de locação de serviços, na convicção de que, no
momento em que alguns decretos, substanciosos de artigos e parágrafos, vierem
publicados, todos esses homens se tornarão logo ativos, adorando o trabalho, e
dispostos a dar o seu labor ao fazendeiro ocioso e bruto, por um salário
miserável. O essencial era garantir o fazendeiro tal qual ele é, criando embora
dificuldades no futuro. E o fazendeiro, que viveu sempre parasita, já não quer
somente braços baratos; reclama também quotas diretas, em espécie – auxílios à
lavoura, compensação aos lucros cessantes... Ontem parasita do escravo, hoje
parasita do Estado – é-lhe indiferente, certamente, quem o tenha de manter,
contanto que não haja de alterar o viver. E os auxílios vêm; mas nem ele se
sacia nem melhoram as condições da lavoura, convertida hoje em verdadeiro
pauperismo, cuja miséria aumenta na proporção das esmolas e auxílios que
recebe."
(América Latina: Males de Origem, 125)
Pessimismo inconformado (e reacionário) de Oliveira Viana em 1920:
"Há um século estamos sendo como os fumadores de ópio, no meio de raças ativas, audazes e progressivas. Há um século estamos vivendo de sonhos e ficções, no meio de povos práticos e objetivos. Há um século estamos cultivando a política do devaneio e da ilusão diante de homens de ação e de prea, que, por toda parte, em todas as regiões do globo, vão plantando, pela paz ou pela força, os padrões da sua soberania. Nesse contato, que se torna cada vez mais estreito, o nosso destino já está pré-traçado. É o das panelas de barro do apólogo, que giram e regiram no mesmo remanso ao lado das panelas de ferro, e aquelas acabam, num choque, espedaçando."
(Populações Meridionais do Brasil, 58)
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