1. Nabokov dizia que “realidade” era uma palavra que devia ser sempre usada assim, entre aspas. Fazem parte da “realidade” as várias formas de atração sexual, a relação pais-filhos, o medo da morte, a velhice, e tantas outras coisas afins; tanto quanto a injustiça social, o tráfico de drogas, a tortura e a corrupção policial, entre outras coisas.
2. TODA narrativa de ficção, desde a Branca de Neve até Tropa de Elite, relaciona-se de alguma forma com algum aspecto da “realidade” humana, dizendo alguma coisa sobre um aspecto qualquer, mais ou menos diretamente. Ser mais ou menos direto não implica em ser mais ou menos arguto, nem profundo. Às vezes a abordagem mais direta pode ser a mais superficial e a abordagem mais alegórica pode ser a mais profunda.
3. Ficção e “realidade” não são a mesma coisa. Tropa de Elite e Branca de Neve são IGUALMENTE ficcionais. Talvez Branca de Neve até jogue mais limpo, porque não fica fazendo de conta que é a “realidade” em si. O que Tropa de Elite tem de sobra é verossimilhança, mas o filme está para a realidade do Rio de Janeiro como a Mona Lisa está para o rosto feminino de carne e osso que um dia posou para Leonardo da Vinci.
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Abraço.