Skip to main content

Cidade do México


A Cidade do México é uma das cidades mais interessantes que eu já conheci. Eu moro perto de Nova Iorque e visito a cidade pelo menos uma vez por mês, mas comparada com a Cidade do México, a gringolândia fica no [meu] chinelo. Vou me explicar, traduzindo em termos familiares: imagine juntos, no mesmo lugar, a força cultural e econômica da São Paulo de hoje em dia, os tesouros da longa história de capital desde os tempos da colônia de Salvador e Rio de Janeiro, o poder e grandiosidade arquitetônica [e a intriga] de Brasília e, ainda por cima [ou melhor por baixo] uma gigantesca Machu Pichu Asteca. Em um passeio de não mais que DEZ quarteirões pelo centro dessa cidade você passa por um Teatro Municipal do Rio, uma Confeitaria Colombo, uma São Francisco de Assis de Ouro Preto, um palácio colonial, um MASP, uma Avenida Paulista, um Pelourinho, um par de livrarias fantásticas e uma pirâmide Asteca! Imagine ainda uma cidade que, além de atrair os maiores talentos do seu país, tem as marcas de vários refugiados brilhantes vindos da Espanha, Colômbia, Argentina, Estados Unidos, Inglaterra, Cuba, Guatemala, Nicarágua, etc [exemplos: gente como Buñuel, Gabriel García Márquez, Fernando Vallejo, Augusto Monterroso, DH Lawrence, Trotski, Einsenstein, Artaud, Breton, Che, etc]. Imagine um campus universitário que é considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO e que tem proporções absolutamente gigantescas, com teatros, cinemas, museus, estádios, um puta jardim botânico e sei lá o que mais.
vou parar por aqui, mesmo porque eu preciso aproveitar a cidade... estou escrevendo da livraria Rosario Castellanos [ver foto], uma mega livraria onde não se vende artigos de papelaria nem presentes, mas sim livros, CDs e DVDs, com uma seleção super cosmopolita [inclusive uma nova coletânea de contos de Guimarães Rosa] e preços são bem melhores que os do Brasil... [encontra-se facilmente um livro de capa dura por 15 reais!!!]
Pois então, venham, venham todos!!! a Cidade do México deve ser a cidade mais interessante da América Latina, pelo menos uma das cidades mais interessantes que eu já conheci.

Comments

Anonymous said…
Paulo, tudo bem? sem querer encontrei o seu blogue, li muita coisa, mas este breve texto sobre a cidade do México nos aguça e ralar um pouco pra conhecer a cidade e o país.
Abraço.
Obrigado, vale mesmo a pena!!!

Popular posts from this blog

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...