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Rodrigo Fresán: sobre a memória

La memoria es el playback de nuestra vida y, en ocasiones, nosotros no hacemos otra cosa que mover los labios sin emitir sonido alguno, porque es nuestra memoria la que canta a través de nosotros. A lo sumo, en contadas ocasiones, cantamos un poco, desafinamos; pero la memoria nos ayuda poniendo a girar la música de nuestro pasado, nuestros Greatest Hits cada tanto remasterizados, cada tanto incorporando un bonus-track, versiones alternativas de la misma canción de siempre. Hay un momento imperceptible pero terrible y trascendente en que, pienso, finalmente estamos llenos de pasado, de memoria, por lo que nuestro presente y lo que nos queda del futuro no es más que un constante actuar ---cantar--- de acuerdo con lo que nos ordena y nos sugiere todo aquello que tuvo lugar hace tiempo. De ahí que los ancianos suelan recordar sucesos remotos con mayor facilidad que aquello que hicieron hace unas horas. El ayer es el refugio y ya no hay nada nuevo que pueda ocurrirnos, porque todo lo que nos puede llegar a suceder tiene su rumbo ya prefijado en un mapa viejo de la isla electrojaponesa de Karaoke.
[do romance Mantra, escrito pelo argentino Rodrigo Fresán sob encomenda da editora Mondadori, que escolheu autores latino americanos e pediu-lhes que escrevessem um romance sobre uma cidade pré-definida - para vocês verem como Chacrinha tinha razão quando dizia que "nada se cria, tudo se copia", não só na televisão como no mundo editorial]

Comments

não gostei muito da comparação com playlists... talvez seja purismo, mas acho que não combina com uma reflexão séria (caberia talvez num texto pop).

li em algum livro (não lembro qual, nem o autor) uma idéia assim: se você pensar naquela lembrança essencial, fundamental para você ser o que é... e pensar no tempo que te resta de vida. quantas vezes voltará a relembrá-la? duas, talvez três?
O Fresán faz isso o tempo todo: mistura referências da cultura de massa com reflexões cultas. Acho que é um risco calculado, uma vontade talvez de escrever algo que contente ao mesmo tempo um público pop e o público [cada vez menor] não pop, digamos. Sinceramente acho que o Bolaño nesse sentido é mais bem sucedido porque ele sabe como ninguém evitar o maior risco desse tipo de mistura: a frivolidade.

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