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E ainda tem gente que vai sentir saudade da era do CD...

De acordo com resenha da Folha de São Paulo, o CD novo do violoncelista Antônio Meneses
custa 35 reais. Na Amazon o mp3 custa 9 dólares, um pouco menos de 16 reais, e você ainda pode comprar faixas isoladas por mais ou menos R$1,75.

Comments

Anonymous said…
existem cds baratos e a era do não cd veio junto com uma desprofissionalização da música que se por um lado é boa por botar todo mundo no mesmo balaio, por outro é ruim por botar todo mundo no mesmo balaio. Acho que as eras passam porque têm que passar e é triste só pra quem vive na passagem e não sabe o que fazer da vida que acaba antes que as coisas se estabeleçam novamente para em seguida passarem outra vez.
Assisti uma palestra online de um cara chamado Ronaldo Lemos sobre o assunto e achei muito interessante. Acho que há muitas oportunidades nessa mudança. Uma delas é o fato de que, em tese, eu posso morar em Nova York ou em Ponte Nova e ouvir música sem precisar de intermediários da indústria cultural. Não substitui nem "destrói" a indústria da cultura de massa, mas cria alternativas para quem quer procurar outros caminhos.
E só completando, achar esse tipo de CD numa loja não é tarefa fácil, nem em cidade grande. Agora, por MP3 ele fica acessível e o ato de compra é igual em qualquer lugar.
Anonymous said…
AAh, eu não sei muito do que falo. Mas a impressão que eu tenho é que viver de música está cada vez mais difícil. Os consagrados, seja lá qual for o tamanho geográfico dessa consagração, vão levando ainda, mas os novos estão perdidos. Porque uma música em mp3 pode ser comprada só por vc e daí distribuída gratuitamente para o resto do mundo. Então se ela custa 1,79, será esta a remuneração pelo trabalho do músico e de toda a equipe necessária para a realização da coisa. Ok, isso é ótimo para quem escuta. Eu mesma adoro. Mas e o músico? Não adianta dizer que músico vive de show, porque cada vez menos gente quer pagar pra ir a shows de música simplesmente pela música. Ou melhor, não se promove mais eventos com estas características em muitas cidades do Brasil. O show agora é um mega evento de massa. O artista fica nas mãos dos contratantes, que deixam de ser os “caras das gravadoras” e passam a ser os patrocinadores de eventos. O que é historicamente normal. O problema é que as coisas ainda não se assentaram, as pessoas ainda não perceberam que o mundo é outro. Então, neste redemoinho, os contratantes dos shows usam o discurso de que o artista está divulgando seu trabalho ao apresentá-lo e que, portanto, o cachê deve ser pequeno ou nenhum. Mas trabalho é atividade remunerada ou meio de sobrevivência, não é? Se o show, que é divulgação de um trabalho, não pode ser pago descentemente porque os contratantes entendem que o músico ganha mais com o negócio do que eles, e o tal trabalho não é vendido porque o público tem direito ao acesso, o músico fica a ver navios e vivendo de ar. Não tem pra onde correr. Aí acontece a desprofissionalização que te falei. O músico que não atende ao gosto das massas que freqüentam festas de peão boiadeiro bota a viola no saco e vai vender cachorro-quente, ou aluga uma carroça e sai fazendo o shows mambembes por conta própria e sem a ilusão de que um dia alcançará o sucesso. E eu nem falo em alcançar sucesso à moda antiga como tocar no rádio e na TV. Falo de um mínimo de sucesso financeiro pra pagar escola de filho, se tiver, médico, se precisar, etc. É lógico que o redemoinho não atinge à música de extremo apelo popular como é o caso dos sertanejos e dos calypsos da vida. Na verdade até atinge, porque essa gente não vende cd mais. Mas o mercado só se abre pra esse tipo de produção, entendeu? É isso que eu acho.
Entendo o que vc disse. Há muito, muito tempo atrás, sonhei e timidamente tentei ganhar a vida com música e não deu em nada. Isso em plena era pré-mp3. Esse papo de divulgação é de doer mesmo e acontece em todo o canto. Que jornal ou revista literária, eletrônica ou não, oferece qualquer merreca aos que escrevem lá? É tudo na base da "amizade" ou da "divulgação". Mas esses gargalos talvez fossem até piores antes. Sei lá.
Anonymous said…
eu já andei comparando as coisas uma época, e cheguei à conclusão de que a produção musical é muito mais cara que a literária. E também gera um produto ainda mais abstrato que a literatura. Se eu não tenho dinheiro pra pagar músicos bons eu não tenho música. e músicos bons só existem com bons instrumentos que são caros, com estudo e dedicação que exigem tempo, e vc sabe, tempo é caro. acho que a música é ainda mais sensível aos gargalos da industria da divulgação que a literatura. mas posso estar enganada por ser do tipo de pessoa que está atolada no assunto até o pescoço. vc sabe como é.

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