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Sinceramente...


Começo a ler uma entrevista com um cara que escreve um romance baseado na história verídica de um casal que se separa e um dos dois se mata dois anos depois e descreve a coisa toda como "uma história de triunfo do amor"?!

Esse cara deve achar que Édipo Rei é uma comédia de costumes e que Bergman é um grande diretor de comediantes…


Paro no meio e troco de assunto só para me deparar com a seguinte pérola de um "teórico de literatura brasileira": “Como no Brasil não há apoio ao escritor, nossos grandes autores eram diplomatas”.

Bom, tudo bem que de fato João Cabral, Guimarães Rosa e Vinícius de Morais trabalharam para o Itamaraty, mas, sem querer desmerecer as contribuições do serviço diplomático à literatura, os três trabalharam pelo salário que ganharam. Quer dizer que se eu sou escritor e trabalho em algum lugar com outra coisa qualquer, sou um escritor subvencionado? E que papo é esse de “nossos grandes autores”? E José de Alencar, Gonçalves Dias, Euclides da Cunha, Machado de Assis, Lima Barreto, Mário e Oswald de Andrade, Manuel de Bandeira, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo [tudo bem que ele trabalhou uns anos na OEA], Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector [tudo bem que foi esposa de diplomata uns anos], Hilda Hilst?!

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Como corolário dessas notícias, descobri essa matéria:

"Luiz Carlos Barreto fecha parceria com grupo inglês que produziu clássicos como 'Gandhi' e 'Carruagens de Fogo'"

Primeiro filme será 'A Arte de Perder', sobre o romance entre a poeta americana Elizabeth Bishop e a brasileira Lota de Macedo Soares

Com direção de Bruno Barreto, A Arte de Perder terá a atriz Glória Pires no papel de Lota.
Barretos, Ghandi/Carruagens de Fogo e o tal romance?! Só falta descobrir que o Tony Ramos vai fazer a Elizabeth Bishop!!!!

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