[Clique no mapa para vê-lo inteiro e saber onde estava o sebo de João Martins]
III - João Martins, português da Ilha da Madeira, chegou ao Brasil ainda jovem em meados do século XIX, com 4 tostões nos bolsos. Trabalhou em várias livrarias do centro até abrir seu próprio sebo na Rua São José [naquela época Rua do Pardo]. Mudou-se depois para Uruguaiana e finalmente para a Rua General Câmara, onde vivia com a família nos fundos. Construiu um acervo maravilhoso de impressos e manuscritos, que ele comprava a granel antes de 1880, quando ninguém no Rio dava nada por “um monte de papéis velhos” – do seu sebo saíram os originais de História do Brasil de Frei Vicente do Salvador, que ele doou à Biblioteca Nacional.
João Martins vivia enfiado no sebo, tendo se tornado um especialista respeitado na cidade em questões bibliográficas apesar de não ter quase nenhuma educação formal. Era tão recluso que recusou-se terminantemente a conhecer a Avenida Rio Branco e, quando os filhos compraram o imóvel ao lado do sebo, que já não comportava tanto livro, dizem que o velho reclamou, “mas vocês vieram para tão longe!” [44,45] João Martins tinha razão de não gostar de avenidas novas rasgando o centro: a sua rua General Câmara, chamada Rua do Sabão até 1870, quando resolveram homenagear um visconde herói da Guerra do Paraguai, foi engolida pela Avenida Presidente Vargas.
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Aliás, que cruel ver essa avenida horrorosa no mapa.