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Música: My Morphine

Um dos preconceitos mais persistentes na nossa cultura é a idéia de que a vida e as pessoas no campo ou nas cidades pequenas são “simples”, “descomplicadas” ou “menos complexas”. Certos conflitos da modernidade podem ser até mais agudos for a dos centros econômicos/culturais – prova disso é a riqueza e complexidade da própria literatura brasileira. Porque nos Estados Unidos ou na Europa, o Brasil é Teófilo Otoni/Cuiabá/São Luís/Rio Branco/etc. A questão não é negar que somos Teófilo Otoni/Cuiabá/São Luís/Rio Branco/etc no sistema capitalista mundial, mas descobrir que Teófilo Otoni/Cuiabá/São Luís/Rio Branco/etc tem sempre potencial para literatura de primeira. Esse preconceito com relação ao interior já atrapalhou muita gente inteligente a entender melhor autores como Guimarães Rosa, Faulkner ou Juan Rulfo. Além de ser francamente ridículo ver um paulista desprezar um belohorizontino que por sua vez despreza um cuiabano que por sua vez despreza alguém de Rondonópolis etc etc etc.

O melhor da música americana passa batido fora dos Estados Unidos. Gillian Welch adora música caipira – mas quando é que o Brasil vai dar à sua música caipira uma Gillian Welch?


My Morphine

I looked around and been up and down

I never wasted time on two or three

There's only one girl for me

There was a time she used to treat me fine

But lately she's been acting awful stoned

Makes a man weep and moan

eye dee oh lay ee tee

eye dee leeldle odle ay oo ee tee

eye dee oh lee tee

lee tee

deedle ohdle lee tee

My Morphine be the death of me

You should have seen me and my Morphine

When we used to go dancing in the war

Spin me right off the floor

eye dee oh lay ee tee

eye dee leeldle odle ee odle ee tee

eye dee odle ee tee

lee tee

deedle odle lee tee

My Morphine be the death of me

Morphine, Morphine, what made you so mean?

You never used to do me like you do

Where's that sweet gal i knew?

eye dee oh lee tee

eye dee leedle odle ay odle ay tee

eye dee oh lay tee

lee tee

deedle odle lee tee

My Morphine be the death of me

My Morphine

Comments

Anonymous said…
Que delícia de música!
Anonymous said…
Talvez eu fale bem mais do que faça, mas sou híbrida em influências. Porque meu ambiente interiorano pós-moderno sempre me invadiu com esses preconceitos que vc tão bem citou, e infelizmente eles estão em mim tb.
http://www.youtube.com/watch?v=xOgl_tZIySI
Por isso minha - e provavelmente por falta de talento - minha música não é o que vc procura/propõe.
Mas tá aí a intenção.
Bjos.
Olha, Tata, um ponto enfatizado por muitos autores que foram influenciados pelo Faulkner e pelo Rulfo é o seguinte: com eles eu aprendi que podia escrever sobre o mundo que eu conhecia sem estar condenado a ser um escritor "arcaico" ou ultrapassado. Faulkner e Rulfo [e Rosa para quem quiser] dão uma lição importante nesse sentido. É uma pena que no Brasil quase ninguém tenha aproveitado a lição que Guimarães Rosa tinha para dar porque todo mundo acha que as histórias dele são sobre uns caipiras engraçadinhos que falam coisas bonitinhas.
Vou conferir!
Anonymous said…
Ok, mas pula o início porque é muito chato. O que tem a ver com "ser do interior" rs... está do meio pra lá. Essa tv é meio universitária, meio aberta. Um dos câmeras foi meu professor na faculdade de turismo e o entrevistador era meu contemporâneo de estudos por lá (ele na comunicação). Então o papo do início ficou bem da gente e pra gente que conhece a gente.

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