Mash-up: LUNA PARK
Nací cuando del sollozo del último siglo,
No se oía ni un solo eco
Luis Cardoza y Aragón
O soluço do último século
abriu a fenda onde passaram
galopando as montanhas.
O século seguinte
ofereceu a Dom Quixote
um aeroplano,
lastre lançado ao passado.
Do trigo dos campos de batalha
um grão de loucura
germinou nas minhas entranhas.
O rio suicida me piscou um olho;
sua suave sonolenta corrente noturna
não quer os barcos que singram, fumando,
pacientes, sobre trilhos, no mar.
Nesse bosque de chaminés fumantes
escuto o músculo obediente,
fiel, sonoro, da máquina,
construindo castelos no ar.
Para as vidas sublinhadas
em vermelho pela guerra
o choro veste os rostos
com caretas de máscaras de clown:
o futuro é um feto que não vem.
E que Deus é esse
que só ouve súplicas em inglês?
Que prazer sentir-se bruto
e desfolhar a vida sem saber
nada da feira do mundo,
nada desse LUNA PARK
enorme, fantástico,
triste farsa universal!
Deixei descansar e quando li de novo pensei: "fragmentado demais, assim ninguém [nem eu] entende nada. Então reescrevi tudo e o poema ficou assim:
LUNA PARK
Nací cuando del sollozo del último siglo,
No se oía ni un solo eco
Luis Cardoza y Aragón
O soluço do penúltimo século
abriu uma fenda por onde passaram
galopando as montanhas.
O século seguinte
ofereceu a Dom Quixote
um aeroplano,
lastre involuntário
lançado ao passado.
O rio suicida me piscou um olho;
sua suave sonolenta corrente noturna
não quer mais os barcos
que singram pacientes sobre trilhos,
fumando, no mar.
No velho bosque
de chaminés fumantes
se escuta o eco do músculo
obediente, fiel,
sonoro, da máquina
que construía castelos no ar.
Do trigo dos campos de batalha
outro grão de loucura
germinou nas entranhas:
para as vidas sublinhadas
em vermelho pela guerra
o choro veste os rostos
com caretas de máscaras de clown
e o futuro é um feto
que não cresce, no formol.
E que Deus é esse
que só ouve súplicas em inglês?
Ainda o prazer
de sentir-se bruto
e desfolhar a vida sem saber
nada da feira do mundo,
nada desse enorme,
fantástico LUNA PARK,
triste farsa universal!
Deixo descansar agora e provavelmente quando voltar a ele vou pensar: "nossa, ficou óbvio demais..."
Em tempo: Luna Park era um parque de diversões emblemático da virada do século XIX para o XX - mas poema com nota de pé de página!?
Comments
não sei bem, mas acho que prefiro a versão fragmentada.