Tenho uma receita para a cura da cegueira crônica que afeta muitos brasileiros no que toca ao quesito racismo e discriminação racial no Brasil. Essa receita é complicada e custa caro, mas funciona para quase todos os brasileiros da nossa tropa da elite. Talvez não funcione para alguns poucos afortunados do fenótipo Xuxa; afinal como dizia Lima Barreto, no Brasil tem de tudo, até Godos. Mas para o resto todo do país "branco", onde essa peculiar cegueira mais se spresenta, funciona.
Vá para um país do norte da Europa ou para algum lugar bem "branco azedo" nos Estados Unidos e viva lá por uns dois meses, pelo menos. Quando nosso caro membro da elite "quase Goda" não for atendido ou for mal-atendido num café ou restaurante, quando tiver uma bolsa revistada sem mais nem menos na saída de uma loja, quando for parado pela polícia no trânsito, quando pedirem que ele mande uma foto da família antes de receber uma resposta sobre uma vaga no clube da cidade, ele vai começar a perceber, de repente, um certo olhar, um olhar peculiar, dirigido a ele, não todo o tempo, mas com uma consistência notável. Mesmo se ele tiver uma cara que dê para passar por português ou espanhol, por exemplo, ele vai perceber um discreto tom de decepção quando informar ao seu interlocutor 100% Godo que ele não é italiano ou francês, mas "apenas" Latino Americano. E mais além, ele talvez até vá perceber um tom de incredulidade condescendente nos seus interlocutores quando insistir na ideia ridícula de os que brasileiros não são como os outros latino-americanos.
Aí, quem sabe, quando o nosso mancebo voltar ao seu querido Brasil onde todas as portas se abrem gentis e todos os capachos aceitam seus bem lustrados sapatos, ele talvez olhe além de dois palmos a frente do nariz e perceba que aquele olhar peculiar, que aquela incredulidade condescendente, está sendo atirado todos os dias para nossos irmãos brasileiros de pele mais escura, não o tempo todo, não por todo o mundo, mas de uma forma diabolicamente consistente.
Vá para um país do norte da Europa ou para algum lugar bem "branco azedo" nos Estados Unidos e viva lá por uns dois meses, pelo menos. Quando nosso caro membro da elite "quase Goda" não for atendido ou for mal-atendido num café ou restaurante, quando tiver uma bolsa revistada sem mais nem menos na saída de uma loja, quando for parado pela polícia no trânsito, quando pedirem que ele mande uma foto da família antes de receber uma resposta sobre uma vaga no clube da cidade, ele vai começar a perceber, de repente, um certo olhar, um olhar peculiar, dirigido a ele, não todo o tempo, mas com uma consistência notável. Mesmo se ele tiver uma cara que dê para passar por português ou espanhol, por exemplo, ele vai perceber um discreto tom de decepção quando informar ao seu interlocutor 100% Godo que ele não é italiano ou francês, mas "apenas" Latino Americano. E mais além, ele talvez até vá perceber um tom de incredulidade condescendente nos seus interlocutores quando insistir na ideia ridícula de os que brasileiros não são como os outros latino-americanos.
Aí, quem sabe, quando o nosso mancebo voltar ao seu querido Brasil onde todas as portas se abrem gentis e todos os capachos aceitam seus bem lustrados sapatos, ele talvez olhe além de dois palmos a frente do nariz e perceba que aquele olhar peculiar, que aquela incredulidade condescendente, está sendo atirado todos os dias para nossos irmãos brasileiros de pele mais escura, não o tempo todo, não por todo o mundo, mas de uma forma diabolicamente consistente.
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(tata)
(tata outra vez)
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