Os Anglicanos, claro, não têm Papa, aquele tal
infalível. Eles têm Rowan
Williams, o bispo Anglicano chefe. Ele anda tentando lidar diplomaticamente com grupos da sua igreja na
Inglaterra que ameaçam ir embora para a Igreja Católica. A causa desse motim
religioso é a ordenação de "bispas" na Igreja Anglicana Inglesa. Ratzinger,
o infalível de Roma fez a gentileza de convidar publicamente os rebeldes para
"voltar" ao manto de Roma, onde mulheres nunca vão além de freiras.
Numa entrevista Rowan
Willians, que é também teólogo, fez a seguinte
reflexão:
"One
of the odd things about fundametalism in its American form, but not
exclusively, is that it's paradoxically a very modern thing. A crude 19th
century reaction to a crude 19th century scientism - a kind of mirror image of
that positivist yes-or-no knowledge that you can pin down."
São os mortos-vivos do século XIX: o cientificismo revivido na fé cega no DNA como explicador de tudo e na química como cura potencial de todos os males, inclusive os sociais. O fundamentalismo religioso que pretende também oferecer respostas finais sobre todos os aspectos da vida. O aspecto regressivo é o elo entre o conservadorismo ultramontano e a ciência de corte
positivista que atribui tudo ao código genético e inspira muitos ateus
militantes. Ambos estão em alta nesse nosso novo século, formas religiosa e
laica do mesmo fanatismo. Ambos vivem ainda amarrados como gêmeos siameses a um
terceiro filhote do século XIX também ressuscitado no final do século passado: o
liberalismo econômico, chamado de neo-liberalismo. E nem adianta fugir para as montanhas, por já dinamitaram quase todas procurando minério de ferro e carvão e as que sobraram estão ocupadas com retiros espirituais de renovação da fé.
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