N'este período
tempestuoso, os paes que forem vigilantes devem observar com cuidado a
physionomia, os gestos, as palavras, todos os actos dos adolescentes, para
descobrir os novos sentimentos que se preparam. É então que nascem ou se
aggravam costumes secretos, de que fallarei em outro logar (veja-se ONANISMO) e que tem sobre a saúde
influencia muito perniciosa. Principiou nova existência. Mil particularidades moraes
revelam esta revolução physica, na qual cada sexo se mostra debaixo de cores
differentes. O menino, educado com costumes menos severos, menos pudicos, e
naturalmente mais ousado, procura a sociedade das mulheres, sente que as ama
mais, e não esconde muito a sua inclinação, ou deixa de a occultar. Entretanto,
o amor contemplativo abre-lhe ordinariamente a scena amorosa. O adolescente que
não foi corrompido pelas palavras ou exemplos de seus camaradas, faz uma
divindade de sua primeira amante, e arde por ella de um amor discreto. A joven
virgem, que uma solicitude esclarecida, pia, ou ao menos moral, tem
constantemente cercado de sãs impressões, está agitada de mil sensações
diversas, cuja fonte ignora; apenas se atreve a interrogar-se a si mesma, e
busca dissimular. E por isso a alegria, a candidêz da primeira idade cede o
logar a um ar de distracção, de embaraço; que não escapa a nenhum observador.
Reconhece logo ella própria que prefere a sociedade dos moços á das
companheiras, e que estes produzem n'ella um effeito insólito. D'aqui vem
provavelmente, na presença d'elles, a postura contrafeita, a linguagem freqüentemente
embaraçada, o olhar incerto, bem que expressivo, os movimentos de pudor, que
coram e empallidecem alternadamente seu rosto.Perturbação bella, que denota uma
alma que ama, mas ainda innocente.
Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia,
que pertence a menos gente
mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia
foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.
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