John Updike, que teve uma longa carreira como escritor de resenhas para jornais e revistas, dizia que não fazia o menor sentido reclamar que um autor "não havia atingido o que nunca quis atingir" com uma determinada obra. Trocando em miúdos: é tolice esperar que Spielberg faça um filme de Godard ou que Godard faça um filme de Spielberg. Mas nem sempre é tão fácil assim discernir a partir da obra o que é que o seu autor queria que ela fizesse. Sem falar que muitas obras interessantes acabam fazendo coisas que seus autores nunca quiseram que elas fizessem; uma vez soltas pelo mundo, as obras sofrem metamorfoses impressionantes na cabeça dos seus vários leitores diferentes. Se há um "eu-autor" numa resenha crítica, ele pertence ao crítico antes de tudo. Mas para isso há que encontrar um público, inclusive um público crítico. Oscar Wilde, com aquela ironia habitual, disse o seguinte: "Minha peça foi um sucesso absoluto. O público é que foi um fracasso". ...
Basicamente, mas não exclusivamente literatura: prosa e poesia.