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Schopenhauer, o rabugento, em quatro momentos

Depois de ler uma versão traduzida com um facão para o inglês por Peter Mollenhauer, me deliciei com a tradução de Pedro Sussekind para a LP&M. Digo que gostei do texto em português em si, pois não tenho como julgar uma tradução do alemão - apenas ficaram escandalosamente evidentes para mim os cortes na versão em inglês.

1. Detestando o desconhecimento geral do latim e do grego antigos [naquela época]:
"A preguiça e sua filha ignorância estão por trás disso. É uma vergonha! Um não aprendeu nada, o outro não quer aprender nada."

2. Detestando o francês:
O francês, em sua essência é um "jargão medonho", "esse italiano deformado da maneira mais repugnante, com as longas sílabas atrozes e a pronúncia nasal" (157).

3. Detestando os monolíngues:
"As fronteiras das línguas só existem para os ignorantes" (158).

4. Detestando neologismos e estrangeirismos que não acrescentam nada, como báique ou Txin:
"... que a provisão de palavras de uma língua seja aumentada no mesmo passo em que aumentam os conceitos [...] se aquilo acontece sem isso, trata-se de um sinal da pobreza de espírito de quem gostaria de levar alguma coisa para o mercado e no entanto, como não tem nenhum pensamento novo, vem com novas palavras. [...] Novas palavras para velhos conceitos são como uma nova cor aplicada a uma velha roupa" (158).

Comments

Que bacana. Ferino!
Um rabugento de marca maior, mas com estilo, né? Me lembrou uma certa tradição de língua inglesa [Jonathan Swift, Mark Twain, George Orwell] mas sem a adoração meio idealizada ao "homem comum sem pretensões".

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