Belo
Horizonte de Água
nascem limpas as cabeceiras
do Barreiro o Olaria e o Clemente
que depois jazem imundos
no túmulo do Arrudas
brotam doces o Jatobá
o Olhos D’Água e o Água Branca
que depois escorrem podres
da boca do Arrudas
o Cercadinho e o Tijuco
chegam frescos ao mundo
e despencam depois moribundos
pelas barrancas do Arrudas
o Leitão e o Pastinho
saem da terra cristalinos
e depois se entrevam adoecidos
no leito do Arrudas
minam puros da encosta
o Cercadinho o Cardoso e o Serra
que dos tubos solapados vazam mortos
para o ventre duro do Arrudas
vertem água cristalina
o Itaituba o Taquaril o
Cafundó e o Olaria
e escoam a fragrante bílis negra
da vesícula cancerosa do Arrudas.
o Britos e até o Acaba Mundo
são paridos água aguda branda e
adamantina
que é então assassinada a sangue frio
nos intestinos dessa áspera cidade
que semeia desertos de asfalto concreto e
pedra
que cobre os morros que descem
rolando até o Ribeirão Arrudas
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