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Recordar é viver: sobre o passado recente no Haiti

Foto: Descrição da atuação “heróica” dos marines americanos na defesa do ditador haitiano Vilbrun Guillaume Sam. A tomada do forte Riviere terminou com a morte de todos os 200 rebeldes haitianos e um marine atingido na boca por uma pedra.


Em julho de 1915 os Estados Unidos invadiu o Haiti sob o pretexto de proteger os interesses americanos e estrangeiros no país – o Haiti devia os tubos a vários bancos americanos e europeus e temia-se uma moratória e, em 1911, um consórcio de investidores americanos tinha comprado o Banco Nacional do Haiti, única banco comercial e uma espécie de banco central do país. Os Estados Unidos ocuparam o Haiti por DEZENOVE ANOS. Frankin Delano Roosevelt, então secretário da marinha Americana, escreveu a nova constituição para o país. O exército americano treinou uma nova força militar especializada em CONTRA-INSURGENCIA, em vista da persistência de resistência armada à ocupação. O bairro dos militares e administradores americanos em Port-au-Prince era rigidamente segregado [como era os Estados Unidos na época] e era chamado pelos haitianos de “Rua dos Milionários”. Quando os americanos foram embora, deixaram para trás uma elite mulata que dominou o país até bem pouco tempo. Papa Doc Duvalier, que governou de 1957 a 1971, foi ministro da saúde durante o período de ocupação. Papa Doc entregou o poder a seu filho Baby Doc, que conseguiu ser ainda pior que o pai e ficou no poder até 1986. Quase TRINTA ANOS de cleptocracia marcada por violência paramilitar dos Volontaires de la Sécurité Nationale mais conhecidos como Tonton Macoutes [estima-se que pelo menos 30.000 pessoas morreram nas mãos dos aparelhos repressivos] e de escandalosa omissão para com uma massa que sofreu com a miséria e epidemias como a AIDS. Ah, durante todos esses anos os Duvalier foram aliados fiéis dos Estados Unidos, inclusive apoiando as intervenções e invasões ao país do outro lado da ilha, a República Dominicana.

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