Skip to main content

Infruência



Tem gente que acha que é frescura a relutância de um escritor em falar sobre suas leituras – as respostas são geralmente evasivas ou irônicas, do tipo “leio a Bíblia e Dom Quixote uma vez por mês” ou “só leio jornal e revista de jardinagem” ou “tudo o que sei aprendi com meu tio Osvaldo”. Numa simples frase, o dramaturgo Itamar Moses [foto] acertou em cheio no alvo:

“Apparently, naming your influences is just like handing people a stick to hit you with.”

Que “sorte” tem os jovens escritores [ou cineastas, ou pintores ou o que seja] brasileiros, que praticamente não tem mais que lidar com a crítica no jornal – só textos promocionais de amigos do peito, resenhas desajeitadas de alunos de graduação disfarçados de estagiários de jornal ou então o mais completo silêncio. Enquanto isso, na academia, quase todos esperam pacientes pelo falecimento de um autor para então começar a “dissecá-lo” propriamente.

Comments

grande frase.

o melhor que consegui, numa das poucas entrevistas que dei, foi perguntar: "- influências conscientes?"

- - -

quanto ao mais: gostei da música, e estou esperando meus palitos de dentes e o mata-moscas!
Os caras ficam esperando o cara com um carimbo pronto na mão: "Maria Bethania dos pampas", "Rubem Fonseca do sertão", "Faulkner de Moçambique", "Gilberto Gil de São Gonçalo do Sapucaí", "Doris Lessing do Cerrado", "novo Chico Buarque", "novo Ronaldinho", "Di Cavalcanti pós-moderno", "Sivio Santos alternativo", "Tom Jobim punk" e por aí vai... Tudo em nome da preguiça intelectual!

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema