[foto: pollo con mole]
Então – só para enfatizar, eu não quero que me prendam de jeito nenhum nesse matagal de mal-entendidos – não é questão de ser anti-crítico, nem bancar o cabotino com sinal invertido, nem tentar uma versão literária do – para mim detestável – Lulinha Paz e Amor, nem fazer uma leitura conspiratória de uma vida cultural governada por uma luta de interesses espúrios.
Para mim o importante é poder discutir literatura finalmente sem patrulhamentos, sabendo que alguns têm o direito de dizer apenas o pouco ou muito que já diz a sua obra; sabendo que não há nem nunca houve uma linha evolutiva muito menos um único caminho redentor para a literatura [nem para nada]; e principalmente sabendo que, mais do que as escolhas literárias em si, é o que o escritor faz com elas que realmente interessa.
Não dá para julgar a obra de ninguém pelas escolhas que supostamente a guiaram. Só para citar algumas das dicotomias mais manjadas do século passado [espero]: não é por ser nem urbano ou rural, nem social ou intimista, nem experimental ou tradicional, nem nacional ou cosmopolita, nem armado de emoção ou de intelecto que um texto literário se salva ou se dana.
Vamos a uma analogia culinária. Não são os ingredientes em si mas sim o que o cozinheiro faz com eles que determina a qualidade do produto final na mesa. Já imagino alguém pensado “ah, é? Mas têm ingredientes que não combinam de jeito nenhum.” Em literatura, não. E talvez nem em culinária: se vocês acham que chocolate com frango não combina, é porque nunca provaram um mole mexicano.
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:-D