Depois de Mayara Petruso, Flavinha Amorim. Frustradas com a derrota de José Serra e do Fluminense, as duas usaram o twitter para dar asas a aspectos muito feios e tristes da cultura brasileira. Quase sinto vontade de agradecer às essas duas antas, porque o caso aqui não tem nada a ver nem com votar em José Serra ou Dilma Roussef nem com torcer pelo Fluminense ou não gostar de Ronaldinho Gaúcho. Tem a ver com uma mistura perversa de RASCISMO e CLASSISMO que sobrevive no Brasil principalmente graças ao seu caráter mais ou menos estrategicamente enrustido que se revela numa esquizofrenia: 99% dos brasileiros dizem que o país é racista e 99% dizem que não são racistas. Não vamos portanto fingir que a dupla de "universitárias" - vale a pena pensar na forma como as duas se identificaram - são parte desse misterioso 1% de preconceituosos que conseguem transformar um país inteiro num país racista. Está mais que na hora das pessoas pararem de fingir que o problema - sério, urgente, inadiável - vive lá na África do Sul e que basta investir no ensino básico para que tudo se resolva no Brasil. Muito pelo contrário: quanto mais forte a presença de negros e pardos na classe média, mais esse enrustimento tende a explodir em manifestações "bolsonárias" como as de Mayara Petruso e Flavinha Amorim.
Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...
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