Enquanto todos se degladiam com a fúria de sempre por causa de Ana de Holanda que administra R$1.6 bilhões, só a Eletrobrás tem orçamento de R$8,1 bilhões esse ano e continua nas mãos de Edison Lobão, ex-jornalista da Globo, ex-deputado federal e/ou senador pela ARENA, PDS e PFL, que foi parar no PMDB seguindo seu padrinho Sarney e está no governo pela mão do mesmo bigodudo. Já Wellington Moreira Franco é ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência da República. Não é um cargo decorativo nem desimportante. O Ipea, órgão de excelência do pensamento estratégico nacional, é subordinado a ele. Quem é Moreira Franco? Foi prefeito de Niterói e em 1982 foi candidato a governador do Rio de Janeiro pelo PDS [novo nome da ARENA, partido de sustentação do regime militar] – perde para Leonel Brizola após uma das mais notórias tentativas de fraude eleitoral no Brasil. Do PDS passou a Frente Liberal apoiando Tancredo Neves e daí para o PMDB, seguindo José Sarney. Derrota Darcy Ribeiro nas eleições seguintes para governador do Rio de Janeiro em 1986 e reverte sistematicamente todas as iniciativas do seu antecessor: devolve empresas de ônibus encampadas, desmonta a estrutura dos CIEPs etc. Muitas das suas ações são justificadas como ações de saneamento financeiro do governo, mas contrai uma dívida gigantesca com empreiteras pela expansão do metrô. Ah, promete acabar com a violência urbana em seis meses – essa eu suponho que dispensa maiores comentários. De 1999 a 2002, foi assessor especial do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem apoiou quando deputado federal, assim como Lobão e Sarney. Se alguém tem alguma ilusão sobre Moreira Franco, basta ler esse post de João Vilaverde.
Deixando de lado qualquer tentative de explicar essa manifestação de pureza ideológica seletiva e tendo em vista tantas alianças tão peculiares em comum, proponho uma fusão urgente entre PT e PSDB para a criação de uma nova sigla, o Partido Unanimista do Brasil ou PUB, cujo símbolo será o ornitorrinco de Chico de Oliveira.
Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...
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