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Drummond e o Golfinho


[foto: Praça Raul Soares, onde se jogava o tal golfinho. Hoje em dia a praça abriga atividades bem menos inocentes...]

Agora que o golfinho tomou conta de Belo Horizonte, ninguém joga mais golfinho no Rio. Quando ele apareceu lá, há meses, fazia calor e algumas jovens de plástica mais interessante tomaram mesmo a liberdade de jogá-lo em maillot. Aqui, a essa altura do ano, e com os queixos batendo, só mesmo de capotão, tweed, sweater, e lãs escocesas bem espessas. Enquanto isso, as elegantes cariocas estreiam modelos notabilíssimos de manteaux russos, siberianos e poloneses, que só chegarão ao conhecimento da família mineira (se chegarem) em dezembro de 1931, isto é, quando toda gente estiver tomando sorvete de coco no bar do Automóvel Clube. Estamos sempre com seis meses de atraso. Se tivermos um pouco dehabilidade ou de paciência, poderemos atrasar doze meses exa-

tos e então a moda belorizontina deste ano ficará perfeitamente sincronizada com a moda carioca do ano passado.

Golfinho e outros substantivos, Minas Gerais, 10-06-1931

Comments

sabina said…
Seria uma especie de frescobol?
É o que chamam nos Estados Unidos de mini-golf, Sabina! Um golf jogado num "campinho" com rampas e túneis e tal. Eu tbm fiquei intrigado e custei a "decifrar" o negócio!
sabina said…
Eu adorava minigolf quando era criança. E acho que é um dos esportes mais citados em piadas de humoristas americanos!
Achei engraçado ele chamarem o negócio de "golfinho", né? Pelo jeito foi moda no Brasil nos anos 30. A praça Raul Soares tem cara de lugar bom para jogar mini-golf, de qualquer jeito, embora hoje seja cercada de tráfico feroz por todos os lados.

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