Sobre essa celeuma ridícula sobre a língua portuguesa "errada" esse texto do linguista Marcos Bagno já disse tudo. Só quero dizer três coisas:
1. Eu não conheço lugar onde se trate mais mal a língua portuguesa no Brasil do que nos noticiários da TV e da rádio. A CBN, por exemplo, é um festival de lugares comuns pretensiosos e construções "chiques" que não dizem nada, acompanhados de erros de concordância a 3 por 4.
2. Aos defensores inflexíveis da "norma culta 100%, tolerância zero o tempo todo" só digo uma coisa: por favor, NUNCA mais digam coisas como "Espera um minuto!" [pois vocês estarão esculhambando com o uso do imperativo culto]. Ah, e "eu te amo", por favor, só serve para quem conseguir tratar o seu ser amado por "tu" o tempo todo, ok?
Por exemplo, imagine a seguinte cena:
Seu namorado diz: “vamo embora logo que tamo super-atrasado!”
E você então responde: “Espere um pouco: você ofendeu a norma culta, meu querido. Por favor, acrescente um ‘s’ ao fim dos verbos e não se esqueça do ‘es’ antes de usar o verbo ‘estar’. Quanto ao uso do “super” como advérbio, tenho que consultar o dicionário na volta do cinema, pois não sei se tal uso já faz parte da norma oculta – digo culta. Eu o amo, mas nada está acima do meu amor pela gramática castiça em TODOS os momentos.”
A norma culta só é ofendida nos erros dos outros?
3. Que tal ler o tal capítulo [disponível aqui] do livro pernicioso corruptor de menores antes de ficar cuspindo maribondo desse jeito?
Comments
O debate da norma culta vs. popular: parabéns à autora por fazer possível esse denate também dentro da sala de aula com esse livro. Por que apenas discutir a linguagem oral "artificial" com alunos que não a usam no dia-a-dia?
Qual a última vez que alguém falou "[as roupas?] vou pegá-las na lavanderia à tarde...!" :)