Leio Antonio Vieira de tempos em tempos e me espanto sempre - a prosa em língua portuguesa realmente chega nele num ponto altíssimo de integração entre domínio técnico e expressividade. E trombo com o seguinte possível aforismo:
“Assim como as semelhanças se não podem conhecer senão de perto, assim as distâncias não se podem medir senão de longe.”
Aí estão continuidades e rupturas e distâncias entre leitor e texto dançando um balé eloquente num espaço apertado de uma frase. Daí me lembrei sobre uma certa discussão sobre "close reading" [leitura cerrada, interpretação do texto literário linha a linha] e o "distant reading" [uma abordagem a partir de uma visão panorâmica das formas literárias, feita mais em cima de fontes secundárias] levantada por Franco Moretti, um cara empenhado em contar a história da evolução do romance em escala mundial. Quer costurar "semelhanças" no texto que estuda? Fique perto dele. Prefere enxergar "distâncias"? Tome distância.
Comments
eu não li o livro do franco moretti... é legal?