Skip to main content

Sinceramente

Uma pedacinho do novo livro de Salman Rushdie:

"The immortal writers of the past were his guides. He was not, after all, the first writer to be endangered or sequestered or anathematized for his art. He thought of mighty Dostoyevsky facing the firing squad and then, after the last-minute commutation of his sentence, spending four years in a prison camp, and of Genet unstoppably writing his violently homoerotic masterpiece Our Lady of the Flowers in jail…. Rabelais too had been condemned by religious authority; the Catholic Church had been unable to stomach his satirical hyperabundance. But he had been defended by the king, François I, on the grounds that his genius could not be suppressed. Those were the days, when artists could be defended by kings because they were good at what they did. These were lesser times."

Midnight's Children é um romance magnífico agora, sinceramente, o cara escreve sobre ele mesmo na terceira pessoa e se compara a Dostoyevsky, Genet e Rabelais no mesmo parágrafo... e depois acha que o Aiatolá deveria te-lo protegido pela qualidade excepcional da sua prosa! Recomendo a resenha interessante de Zoë Heller, onde ela coloca certos pingos em certos iis. Principalmente no contraste entre as grandiloqüentes ideias da literatura como salvação da humanidade e os seus grandes profetas, gente como Rushdie e Vargas Llosa, esses distintos dinossauros que viajam o globo espalhando generosamente sua sabedoria implacável sobre as nossas cabecinhas:

"The job of literature, he instructs us in the final pages of this memoir, is to encourage “understanding, sympathy and identification with people not like oneself…to make the world feel larger, wider than before.” Some readers may find, by the end of Joseph Anton, that the world feels rather smaller and grimmer than before. But they should not be unduly alarmed. The world is as large and as wide as it ever was; it’s just Rushdie who got small."

Flagrante de um leitor sem livro recebendo a graça divina das sábias palavras Salman Rushdie

Comments

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema