Foto minha: aí estão elas... |
Belo Horizonte de Pedra
De onde veio essa
pedra
que o asfalto
agora afoga?
Do Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras.
Quem, lá do
alto,
perfurava blocos
no Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras?
Quem, logo abaixo,
broqueava rocha
no Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras?
Quem, logo ao
lado,
tinia a marreta
dos cavoqueiros
nos blocos de
pedra
de cor igual?
Quem catava com
a alavanca
e puxava para a
prancha
tanta pedra
tão manchada de
suor
no Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras?
Quem, no
telheiro,
desbastava os
blocos,
retinindo os picões
no Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras.
Quem, na
ferraria,
reapontava as
brocas velhas,
cansadas da
guerra
no Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras?
De onde veio essa
pedra
que o asfalto
agora afoga?
Do Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras.
De onde veio essa
saudade
do que nunca
aconteceu?
Do Acaba Mundo,
Carapuça
Prado Lopes,
Lagoinha,
e o Morro das
Pedras?
A origem desse poema, agora de aniversário, está nessa descrição que Abilio Barreto publicou no jornal A Capital em 1897:
" Alí o
trabalho é intenso, junto aos enormes blocos de pedra de uma cor igual, tiniam
as marretas dos cavouqueiros, ouvia-se a cantarola dos operários, ritmando o
seu árduo labor, alavancas em punho, movendo pedras para as pranchas; no
telheiro o picão retinia, desbastando grandes pedaços de pedra, preparando-as
para as obras.
Na ferraria,
diversos trabalhadores pontavam as brocas.
Do alto da
pedreira era lindo o panorama de Belo Horizonte, ao longe. Alí os operários
perfuravam um bloco cantando uma canção melancólica, ao passo que em baixo a
turma de operários broqueava as rochas."
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