Skip to main content

Recomendação: Nuvem Cigana

Estou lendo com imenso prazer e curiosidade o livro Nuvem Cigana - Poesia e Delírio no Rio dos Anos 70, organizado por Sérgio Cohn.  É uma espécie preciosa e heterodoxa de livro de história da literatura brasileira, uma forma muito adequada para um grupo de pessoas que primava pelo elogio à alegria vitalista. O livro conta a história de um movimento desprezado por muitos que mal o conhecem por esnobismo e/ou elitismo e/ou dificuldade de aceitar escolhas de vida que passaram mais ou menos longe de um certo conformismo classe média, por bem ou por mal. Junta documentos preciosos e os depoimentos de uma pá de gente. Como toda a produção literária de qualquer época que eu conheço, encontra-se aí coisas muito legais, coisas mais ou menos meia-bomba e coisas ruins.

"Isso vai ser ótimo! O primeiro não se lembra, o segundo esquece e o terceiro inventa!"
Charles

"Em cima daquelas dunas começou a se reunir uma estranha espécie de seres peludos, esqueléticos, com pouquíssima roupa e língua alada."
Chacal

"... a massa falida fingindo ser biscoito fino."
Waly Salomão

"A morte em mim não mata nada
a não ser o corpo
ela de mim não leva nada
a não ser o morto."
Ronaldo Santos

"... e em pleno desespero existencial pedi que o motorista me levasse para o bem. E o cara me levou para o Bar Bem, em São Conrado, famoso na época por seu slogan publicitário "É um mal não freqüentar o Bem". Aí eu saí de órbita mesmo."
Ronaldo Santos

"Sempre achei que essa necessidade de superar limitações potencializa a criatividade."
Chacal

"Nós começamos a fazer essas peladas de caso pensado, não só porque adorávamos futebol, mas também como uma forma de nos reunirmos na ditadura. Naquela época, não se podia andar em grupos maiores do que três pessoas na rua, que era considerado quadrilha e a gente podia ser preso."
Pedro Cascardo

"Se você quiser eu danço com você
No pó da estradaPó, poeira, ventaniaSe você soltar o pé na estradaPó, poeiraEu danço com você o que você dançar"
Ronaldo Bastos, música de Lô Borges

Comments

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema