Cinco trechos bastante interessantes de texto recente de Alcir Pécora, alguém com um ponto de vista bastante crítico sobre literatura contemporânea no Brasil, mas que consegue ir muito além da rabujice besta que aparece no jornal umas duas vezes por semestre, chorando saudades dos bons tempos em que os gigantes literários de antanho passeavam suas panças viris pelos bares, cafés e livrarias cariocas e paulistanas...
1. "... diluição da história e da memória na
ficção de segundo grau, a serviço de um eu-mínimo. Mas não dá para fazer boa
literatura fazendo glosa ou trívia de literatura. Literatura forte não pode
estar no passivo das conquistas da literatura, e sim na sua disposição para o
novo, para o árido, para o que ainda não se pode definir sequer como literatura."
2. "... a ideia de “Brasil” parece diluída na
vontade de ser escritor ou de ser publicado. Mas, desgraçadamente, nem por isso
as ideias de “mundo” ou de “estrangeiro” são mais sólidas ou mais trabalhadas.
Ou seja, não é uma literatura de caráter nacional, nem pensa o estrangeiro e
internacional. É genérica."
3. "... não me parece que seja na literatura,
na linguagem da invenção, que se trava, hoje, a batalha das contradições do
real ou da busca de suas alternativas mais consistentes.
4. "A forma literária tem um lugar muito
determinado pela expressão literária partilhada de antemão, e isso é o mesmo
que dizer que ela se encolhe sobre si mesma, torna-se menor do que já foi e
revela a desistência da expectativa de produção do “novo”."
5. "... a literatura tem de descobrir uma nova
centralidade para si no cerne da vida social ou então nada lhe resta senão
conformar-se a um papel lateral, secundário na cultura."
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