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Belo Horizonte e o trabalho escravo no século XXI [em 3 partes]

Na lista suja do trabalho escravo, entre as 45 ocorrências de Minas Gerais [estado em segundo lugar na lista perdendo apenas para o Pará], descobri onze ocorrências em Belo Horizonte e cercanias. Eis as quatro primeiras:


1.     Calixto e Dias Serviços Ltda - Belo Horizonte
a.      Possuem uma empresa de “Produção de Laminados e Cortes de Aço” na BR262 no bairro Olhos d’Água de propriedade de Milton Vianna Dias e Bruno Simões Dias. Eduardo Calixto [que está implicado em casos de escravidão em Juiz de Fora].
b.     Os Dias são donos do Grupo  PRECON, poderoso na produção de material pré-fabricado para construção civil. As origens do poder da família remontam a marca de cimento Cauê, desde 1967 nas mãos da hoje multinacional Camargo Corrêa.
c.      Bruno Dias diz em entrevista comemorando 45 anos do grupo que sua empresa “tem uma visão humanista desde a sua formação. Queremos que as pessoas gostem de fazer parte desse time e sabemos que há o que melhorar”. 



2.     CCM - Construtora Centro Minas Ltda - Belo Horizonte
a.      A empreiteira relativamente desconhecida mas que só perdeu para Oderbrecht em 2014 ao receber da união R$602,5 milhões através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para dar manutenção em rodovias.
b.     Sua principal concorrente era a Delta de um certo Cavendish.
c.      Reportagem do Valor Econômico de 2015 revela que Luis Otávio Fontes Junqueira e Maria Aquino Mendes Leite [viúva do fundador] são os sócios, mas estão em processo de divisão. A nova empresa da família Fontes Junqueira se chama LCM e a de Maria Leite, se chama Ethos.
d.      Em 2011 a justiça decretou a indisponibilidade dos bens dos sócios da CCM por irregularidades em obras em Tocantins. No ano anterior haviam doado R$750 mil ao PSDB do estado governador desde então por Siqueira Campos.
e.      Nem por isso a CCM deixou de faturar com contratos públicos, com R$19 milhões em obras na Paraíba.



3.     Embraforte Segurança e Transporte de Valores Ltda - Belo Horizonte
a.      Empresa do irmão da poderosa secretária do planejamento dos governos Aécio/Anastasia, Renata Vilhena.
b.     Além de trabalho escravo, os donos tiveram a prisão preventiva pedida pela polícia civil por desviarem R$22,7 milhões do BB com o abastecimento dos caixas-forte no sul de minas. O golpe aconteceu enquanto Renata era secretária, “na sombra do prestígio da irmã” e os donos da empresa jogaram toda a culpa em seus funcionários. 



4.     Teixeira & Sena Ltda - Belo Horizonte
a.      Antes de ir para a obra da MRV em Contagem os mesmos trabalhadores aliciados em Manhuaçu trabalharam em obra dessa construtora no Bairro Santo Antônio, na zona sul de Belo Horizonte. Lá “a jornada se iniciava por volta das 8hs e se estendia até 22hs ou 23hs”. O caso de compartilhamento de miséria alheia está descrito no saite “Repórter Brasil”.
b.     A empresa é de Manhuaçu e “sua atividade principal é serviços de pintura em geral”.

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