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Belo Horizonte e o trabalho escravo no século XXI [última das 3 partes]


8.     Línea Obras & Construções Ltda
a.      Fundada em 2002 para construção de edifícios residenciais.
b.     O sócio administrador Elmar José Coutinho foi autuado com o pessoal do Verdemar na época da construção de um dos supermercados do grupo 40 empregados aliciados e confinados em condições desumanas no Bairro Jardim Canadá.
c.      Diz o Estado de Minas [que num gesto camarada não pôs o nome das duas empresas envolvidas no título da matéria de 2014: “Testemunhas contam que Elmar Coutinho e Hallisson Moreira [sócio do Verdemar] tinham pleno conhecimento das condições dos alojamentos, sendo que o administrador da Construtora Línea ia ao canteiro de obras todos os dias”.
d.      Esse bairro é composto por uma fina capa de empreendimentos comerciais “chiques” na beira da rodovia que vai para o Rio de Janeiro e um miolo nada chique de galpões e habitações modestas, uma necessidade da nova cidade de condomínios fechados que vai sendo construída por ali, já que a segregação social tem seus limites. 


9.     Organização Verdemar Ltda
a.      São seis lojas na zona sul da cidade. “Seu público principal é das classes A e B, interessados na grande variedade de produtos gourmet, como frutos do mar, carnes nobres, bebidas e outros produtos importados”. Mais detalhes sobre o caso na entrada anterior.
b. A loja de Nova Lima, onde trabalhavam os escravos, é considerada [pelo menos pela prórpia Verdemar] como "a loja mais sustentável da América Latina".


10.     MRV Engenharia e Participações SA – Contagem
a.      Diz o saite da empresa que “seu foco” é “redução de custos, inovação e ética. E sempre pensando na sustentabilidade, investe em projetos sociais, ações ambientais e de incentivo ao esporte, proporcionando novas perspectivas de futuro para todos.”
b.     Fontana di Italia era o nome do empreendimento onde encontraram 6 operários trabalhando como escravos em Contagem. Parece que trocaram o nome para Fontana di Roma e ainda há unidades à venda para quem quiser ter a honra de viver num lugar moderno, mas construído de acordo com as tradições brasileiras. Talvez o nome pomposo tenha algo a ver com o bairro Fonte Grande, onde o condomínio foi construído.
c.      O dono da empresa autuada por usar trabalho escravo tem um blogue onde se manifesta sobre o momento atual: “deixamo-nos contaminar por uma insidiosa, inconveniente e perigosa divisão radical de natureza ideológica. O discurso que dividiu os brasileiros entre ‘nós’ e ‘eles’ acabou por polarizar os espíritos e por separar a nação, contrariamente à nossa tradição de povo tolerante e cordial.”


11.     Construtora Emcasa Ltda
a.      A autuação foi em Mateus Leme, perto de Belo Horizonte, mas a construtora especializada em casas tem sede outra vez na zona sul de Belo Horizonte.
b.     A Emcasa foi criada em 1996 pela mais conhecida CANOPUS “para atender à demanda do país por habitação e que tem suas premissas alinhadas aos programas do Governo Federal”.  
c.      O grupo CANOPUS fundado pelo dono do grupo, Marcos Roberto Cruz, é mais conhecido pela rede de concessonárias, consórcios e corretora de seguros além de um Instituto CANOPUS desde 2010, para “compartilhar informações, cursos e treinamentos com a sociedade” e que realiza ações “benemerentes”.
d.      Marcos Roberto Cruz é filho do fundador do grupo de concessionárias Cometa do Mato Grosso, hoje do irmão dele, Francis Cruz, considerado o candidato prefeito mais rico da sua cidade, foi eleito pelo PMDB de Cáceres, uma dos 100 municípios mais pobres do Brasil. Francis se filiou recentemente ao PSDB seguindo o governador Pedro Taques [que tinha sido elegido pelo PDT] dizendo que o partido em questão foi o que mais ofereceu ao município de Cáceres.

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