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Eduardo Viotti Leão - Capítulo 4

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Morando com os avós, ele e sua irmã continuavam a freqüentar as mesmas escolas, clubes e festas que os seus pares narcisisticamente chamavam de “os melhores”. Eduardo sabia, e sabia que os outros sabiam, que ele, ali entre os melhores, era o pior: o mais pobre entre os mais ricos e marcado por um pai desaparecido nas piores circunstâncias. Essa pobreza, tão relativa, tão francamente ridícula para quem tem que suar pelo pão de cada dia, tornou-o diferente da maioria dos seus companheiros de geração. Enquanto muitos deles passariam a vida torrando dinheiro com entusiasmos passageiros, passatempos absurdos e paixões ridículas que invariavelmente desembocavam em tédio indiferente, ele se aproveitaria ostensivamente de todos os privilégios e isenções da sua classe ao máximo, até recuperar e depois dobrar o patrimônio familiar e se tornar membro de um outro grupo ainda mais seleto, dos mais ricos do país.
Quem o conhecia nos negócios reconhecia nessa objetividade a sua maior virtude. Eduardo Viotti Leão tinha uma capacidade prodigiosa de eliminar o que não pertencesse ao aspecto estritamente pragmático de cada questão que se apresentava, depurando de interferências indevidas a elaboração e execução perfeitas do plano mais eficiente para resolver qualquer problema. Na cabeça de Eduardo Viotti Leão tudo podia ser reduzido a uma cadeia impessoal de causas e conseqüências, na qual ele eventualmente interferia ou não, conforme a sua conveniência, no momento mais adequado.
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