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Para o pior aniversário de toda a minha vida

Não desista agora, amigo:
Pinte um sorriso
Tape os buracos do rosto
Olhos fixos sempre à frente
O coração batendo, fixo,
preso dentro das costelas
Alguma coisa ainda há de faltar
Sempre

Mas por mais que eu reconheça
Por mais que eu saiba que é assim mesmo
Porque é que não pára de doer?

Aí fora e aqui dentro
Porque é que não pára de doer?
Você abaixa e pega um pacote
e cai o outro no chão
rasga o saco cai o copo se espatifa
Tonto os joelhos doem as costas
racha o dente rói a pele
cada nova doença é sempre crônica
nenhuma das minhas cruzes vai embora
Quando é que você ficou assim tão velho?
Como é que você perdeu sua casa
E não ganhou nada em troca?

Os grandes nomes famosos veneráveis mitos
Chefes supremos de todos os meus destinos
Cheios de medalgas e títulos e becas e distintivos
Nessa terra fria estranha podre até a raiz mais profunda
São um bando de egos ridículos
Incapazes de não se levarem à sério
exibindo como perus vaidosos
seus rabinhos listrados de cinza
em volta do círculo de giz
bêbados sedentos por fazer pagar em dobro
os sofrimentos por que passaram
quando ainda tinham algo a dizer
quando ainda tinham sangue vivo nas veias
é esse o meu mundo?

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