William Paul Young está na lista dos mais vendidos do New York Times há 64 semanas. Seu romance, The Shack, foi inicialmente publicado na sua garagem. Na nomenclatura do mercado editorial The Shack é um livro “evangélico”, voltado para um público crente.
O surpreendente é que dizem que grande parte de The Shack gira em torno de idéias desenvolvidas principalmente pela teologia da libertação, entre outros por Leonardo Boff.
O livro parte de três conceitos teológicos quase proibidos pela igreja católica e pelos protestantes conservadores:
1. que toda a linguagem teológica é metafórica, não literal;
2. que a trindade é uma comunhão amorosa não-hierárquica [Ratzinger fritou Boff por conta dessa];
3. que TODAS as pessoas são salvas pela graça divina, não importa o que elas façam ou deixem de fazer ou no que elas acreditam ou não.
Vejo com simpatia que a fé seja aqui motivo de algo diferente de bombas e proibições ridículas. Sinceramente eu não consigo achar muita graça nesse Deus que é pura bondade – me parece um personagem muito sem sal e, tomando o mundo em que vivemos como medida, um pouco improvável. Na minha tosca mente de sujeito não iniciado nas sutilezas da teologia se Deus é mesmo onipotente, ou ele é desinteressado pelo destino dos seres humanos ou ele é capaz de requintes de crueldade e acessos de cólera.
Em termos estritamente literários, os trechos que eu li quando folheei o livro e a resenha que li me fazem pensar que esse The Shack deve ser uma maçaroca bem indigesta, um romance que não passa de um tratado de teologia mal disfarçado. E como tratado de teologia, não tenho como julgar o livro.
Um trecho curioso em que o protagonista, Mack, conversa com um carpinteiro judeu chamado "Jesus":
""Remember, the people who know me are the ones who are free to live and love without any agenda."
"Is that what it means to be a Christian?" It sounded kind of stupid as Mack said it, but it was how he was trying to sum everything up in his mind.
"Who said anything about being a Christian? I'm not a Christian."
The idea struck Mack as odd and unexpected and he couldn't keep himself from grinning. "No, I suppose you aren't."
They arrived at the door of the workshop. Again Jesus stopped. "Those who love me come from every system that exists. They were Buddhists or Mormons, Baptists or Muslim, Democrats, Republicans, and many who don't vote or are not part of any Sunday morning religious institutions. I have followers who were murderers and many who were self-righteous. Some were bankers and bookies, Americans and Iraquis, Jews and Palistinians. I have no desire to make them Christian, but I do want to join them in their transformation into sons and daughters of my Papa, into my brothers and sisters, into my Beloved."
"Does that mean," asked Mack, "that all roads will lead to you?"
"Not at all," smiled Jesus as he reached for the door handle to the shop. "Most roads don't lead anywhere. What it does mean is that I will travel any road to find you.""
— William P. Young, The Shack (p181-2)
O surpreendente é que dizem que grande parte de The Shack gira em torno de idéias desenvolvidas principalmente pela teologia da libertação, entre outros por Leonardo Boff.
O livro parte de três conceitos teológicos quase proibidos pela igreja católica e pelos protestantes conservadores:
1. que toda a linguagem teológica é metafórica, não literal;
2. que a trindade é uma comunhão amorosa não-hierárquica [Ratzinger fritou Boff por conta dessa];
3. que TODAS as pessoas são salvas pela graça divina, não importa o que elas façam ou deixem de fazer ou no que elas acreditam ou não.
Vejo com simpatia que a fé seja aqui motivo de algo diferente de bombas e proibições ridículas. Sinceramente eu não consigo achar muita graça nesse Deus que é pura bondade – me parece um personagem muito sem sal e, tomando o mundo em que vivemos como medida, um pouco improvável. Na minha tosca mente de sujeito não iniciado nas sutilezas da teologia se Deus é mesmo onipotente, ou ele é desinteressado pelo destino dos seres humanos ou ele é capaz de requintes de crueldade e acessos de cólera.
Em termos estritamente literários, os trechos que eu li quando folheei o livro e a resenha que li me fazem pensar que esse The Shack deve ser uma maçaroca bem indigesta, um romance que não passa de um tratado de teologia mal disfarçado. E como tratado de teologia, não tenho como julgar o livro.
Um trecho curioso em que o protagonista, Mack, conversa com um carpinteiro judeu chamado "Jesus":
""Remember, the people who know me are the ones who are free to live and love without any agenda."
"Is that what it means to be a Christian?" It sounded kind of stupid as Mack said it, but it was how he was trying to sum everything up in his mind.
"Who said anything about being a Christian? I'm not a Christian."
The idea struck Mack as odd and unexpected and he couldn't keep himself from grinning. "No, I suppose you aren't."
They arrived at the door of the workshop. Again Jesus stopped. "Those who love me come from every system that exists. They were Buddhists or Mormons, Baptists or Muslim, Democrats, Republicans, and many who don't vote or are not part of any Sunday morning religious institutions. I have followers who were murderers and many who were self-righteous. Some were bankers and bookies, Americans and Iraquis, Jews and Palistinians. I have no desire to make them Christian, but I do want to join them in their transformation into sons and daughters of my Papa, into my brothers and sisters, into my Beloved."
"Does that mean," asked Mack, "that all roads will lead to you?"
"Not at all," smiled Jesus as he reached for the door handle to the shop. "Most roads don't lead anywhere. What it does mean is that I will travel any road to find you.""
— William P. Young, The Shack (p181-2)
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