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Nocturno en la alcoba - Xavier Villaurrutia


La muerte toma siempre la forma de la alcoba

que nos contiene.

Es cóncava y oscura y tibia y silenciosa,

se pliega en las cortinas en que anida la sombra,

es dura en el espejo y tensa y congelada,

profunda en las almohadas y, en las sábanas, blanca.

Los dos sabemos que la muerte toma

la forma de la alcoba, y que en la alcoba

es el espacio frío que levanta

entre los dos un muro, un cristal, un silencio.

Entonces sólo yo sé que la muerte

es el hueco que dejas en el lecho

cuando de pronto y sin razón alguna te incorporas o te pones de pie.

Y es el ruido de hojas calcinadas

que hacen tus pies desnudos al hundirse en la alfombra.

Y es el sudor que moja nuestros muslos

que se abrazan y lucha y que, luego, se rinden.

Y es la frase que dejas caer, interrumpida.

Y la pregunta mía que no oyes,

que no comprendes o que no respondes.

Y el silencio que cae y te sepulta

cuando velo tu sueño y lo interrogo.

Y solo, sólo yo sé que la muerte

es tu palabra trunca, tus gemidos ajenos

y tus involuntarios movimientos oscuros

cuando en el sueño luchas con el ángel del sueño.

La muerte es todo eso y más que nos circunda,

y nos une y separa alternativamente,

que nos deja confusos, atónitos, suspensos,

con una herida que nos mana sangre.

Entonces, sólo entonces, los dos solos, sabemos

que no el amor sino la oscura muerte

nos precipita a vernos cara a cara a los ojos,

y a unirnos y estrecharnos, más que solo y náufragos,

todavía más, y cada vez más, todavía.


Comments

sabina said…
parece lindo... estou esperando um dia tranquilo p/ ler com calma.
Villaurrutia é um poeta maravilhoso que morreu relativamente jovem e deixou marcas profundas na poesia mexicana. Infelizmente fora do México as pessoas parecem que têm preguiça ou má vontade com ele, mesmo no mundo de língua espanhola. Não sei se é pela obsessão pela morte, pelo homoerotismo, quem vai saber?
sabina said…
lindo mesmo.
Ah, e Villaurrutia trabalhou muito no teatro mexicano, depois de curso de dramarturgia que fez aqui em New Haven, oscilando entre dramas modernistas e a tentativa de alcançar o grande público mexicano. Os poemas que ele escreveu aqui são lindos, mas são para inverno.

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