Skip to main content

Diário de Pindorama - Chove chuva

[essas duas capas apareceram para mim, assim, no blogue catatau - deve ter alguma coisa na água de Curitiba, como é que sai tanta gente legal de lá? - que por sua vez as encontrou no blogue revista do zé pereira, que eu não conhecia.]

O Brasil não tem furacões nem terremotos nem tsunamis (pelo por enquanto). Mas todos os anos, a partir da segunda metade de dezembro até o final de janeiro, chove muito, principalmente no sul e no sudeste. As mortes e perdas que essas chuvas causam todos os anos me parecem, na minha talvez inocente visão de um não-especialista em problemas urbanos, perfeitamente evitáveis, em sua maioria. Um problema de uma defesa civil atuante. Eu sei que prevenção e planejamento não são nosso forte, mas já melhoramos um pouco (sou um otimista). Diga-se de passagem que, em alguns lugares, essas mortes e perdas em larga escala já têm sido evitadas, mas nesse caso não aparece nada na imprensa. Não é notícia, não é mesmo? Dá para imaginar: “Choveu como o diabo por uma semana em tal lugar e ninguém morreu e nenhuma casa desabou e ninguém ficou desabrigado”, estampado na capa do jornal? Pareceria propaganda política safada, não é mesmo? Bom, essas duas capas de uma mesma revista num espaço mínimo de tempo são exemplo perfeito de propaganda política no sentido mais safado do termo. Esses caras levam ao extremo sua crença na memória curta do brasileiro...

Comments

incrível... eu mesma não lembrava.
E note o tom enfático das duas capas, ambas transmitindo absoluta certeza sobre a razão do problema...

Popular posts from this blog

Contos: "O engraçado arrependido" de Monteiro Lobato

Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...

Poema meu: Saudades da Aldeia desde New Haven

Todas as cartas de amor são Ridículas. Álvaro Campos O Tietê é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia, mas o Tietê não é mais sujo que o ribeirão que corre minha aldeia porque não corre minha aldeia. Poucos sabem para onde vai e donde vem o ribeirão da minha aldeia, 
 que pertence a menos gente 
 mas nem por isso é mais livre ou menos sujo. O ribeirão da minha aldeia 
 foi sepultado num túmulo de pedra para não ferir os olhos nem molhar os inventários da implacável boa gente da minha aldeia, mas, para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
 a memória é o que há para além do riberão da minha aldeia e é a fortuna daqueles que a sabem encontrar. Não penso em mais nada na miséria desse inverno gelado estou agora de novo em pé sobre o ribeirão da minha aldeia.

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p...