[Foto: Race Riot em Omaha, Nebraska em 1919]
As bases dessa “febre” racista no coração da modernidade democrática liberal e vanguarda da modernidade capitalista? Uma receita muito conhecida no Brasil: uma pitada de Mendel, um bocado de Spencer, um pouquinho de Darwin e um galão de racismo. No Brasil as elites brancas se apavoram com as conseqüências de um sistema político em que a “gentalha” possa votar e, pior ainda, se candidatar. Nos Estados Unidos as elites brancas se apavoram com as hordas de imigrantes “escuros” que vão fazer da grande república redentora uma republiqueta latino-americana. É claro que essas idéias motivadas por ansiedades raciais, recebidas entusiasticamente na Alemanha não preciso nem dizer por que tipos, tinham seus opositores nos Estados Unidos (como no Brasil). Fitzgerald, por exemplo, inclui no Great Gatsby uma alusão satírica sobre o assunto quando Tom defende entusiasmado um livro chamado “The Rise of the Colored Empires”. Daisy ironiza o marido e diz: “Tom’s getting very profound”. A namorada do narrador, Jordan, sentencia: “you ought to live in California”.
Não custa lembrar que estamos falando de um Estados Unidos que entra no século XX abraçando a segregação racial [coisa mais “arcaica” não?] com base em duas formas diferentes de atuação simbólica: as race riots no norte e os linchamentos no sul correm soltos nesse começo de século.
E então, onde é que as idéias da modernidade liberal e capitalista. como imaginadas por certos estudiosos brasileiros, têm “o seu lugar”?
As bases dessa “febre” racista no coração da modernidade democrática liberal e vanguarda da modernidade capitalista? Uma receita muito conhecida no Brasil: uma pitada de Mendel, um bocado de Spencer, um pouquinho de Darwin e um galão de racismo. No Brasil as elites brancas se apavoram com as conseqüências de um sistema político em que a “gentalha” possa votar e, pior ainda, se candidatar. Nos Estados Unidos as elites brancas se apavoram com as hordas de imigrantes “escuros” que vão fazer da grande república redentora uma republiqueta latino-americana. É claro que essas idéias motivadas por ansiedades raciais, recebidas entusiasticamente na Alemanha não preciso nem dizer por que tipos, tinham seus opositores nos Estados Unidos (como no Brasil). Fitzgerald, por exemplo, inclui no Great Gatsby uma alusão satírica sobre o assunto quando Tom defende entusiasmado um livro chamado “The Rise of the Colored Empires”. Daisy ironiza o marido e diz: “Tom’s getting very profound”. A namorada do narrador, Jordan, sentencia: “you ought to live in California”.
Não custa lembrar que estamos falando de um Estados Unidos que entra no século XX abraçando a segregação racial [coisa mais “arcaica” não?] com base em duas formas diferentes de atuação simbólica: as race riots no norte e os linchamentos no sul correm soltos nesse começo de século.
E então, onde é que as idéias da modernidade liberal e capitalista. como imaginadas por certos estudiosos brasileiros, têm “o seu lugar”?
Comments
seu argumento se dirige a "idéias fora do lugar"?
li esse texto faz tempo, mas acho que a tese se sustenta apesar de tudo. a importação de idéias fora de contexto revela coisas sobre o importador, e não sobre o contexto.
algumas idéias provocadoras dos anos 70 não passaram talvez na peneira da sensatez nos detalhes, mas valem ainda pela provocação, eu acho.
Se admitimos que as idéias vivem em conflito com os lugares em que elas vivem desde sempre, esse deslocamento das idéias pode variar de um lugar para o outro, mas não pode deixar de existir.