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Postais: hei de voltar

Foto minha: Larva de Libélula em Diamantina
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Um amigo que vê as coisas de forma bem diferente da minha forma de ver as coisas no Brasil ontem à noite brincou comigo pressupondo que eu não gostaria de voltar para o Brasil de jeito nenhum. Hoje de manhã escrevi esse rascunho de poema: 
 
Um dia eu hei de voltar

“o que pensamos ser a canção dos anjos é a canção deles.”

Um dia eu hei de voltar
para casa em dezembro
e as nuvens cor de chumbo
trarão o cheiro de terra molhada
e o ronco dos trovões
anunciará outra invernada
e a água cairá
calma como a lava de um vulcão
e limpará tudo, tudo, tudo.

Um dia eu hei de voltar pra casa
e não serei mais estrangeiro
e descansarei os olhos
na cidade minha casa
madrasta dos meus fantasmas
e a lama descerá calma
como a lava de um vulcão
invernando o verão
e limpando nada, tudo, nada.

Um dia eu hei de voltar
e a chuva não será mais inerte
e a água não será mais sem rumo
e os malditos que habitamos
o inferno mais profundo
cantaremos outra vez
a doce canção dos anjos
e de novo os poemas
farão sentido pra mim
e eu, finalmente,
voltarei a nada.

Comments

Anonymous said…
Maravilha, ambos!
Que bom que vc gostou, Anônima!
Anonymous said…
Lindo poema. Sobre o título do post, tenho experiência pra dizer que amigos inspiram a gente sobretudo quando deixam de ser amigos.
(Tata)
Choro, viu?
Obrigado, gente. É mesmo interessante como muita gente nunca me perguntou mas tem absoluta certeza de que eu nunca quero voltar a ser professor no Brasil.

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