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Um esporte curioso

Um esporte curioso, seja nas redes sociais da internet, seja nos jornais ou outras mídias tradicionais, é o de dar palpite sobre eventos internacionais acontecendo em contextos sobre os quais sabe-se quase nada. Ao invés de procurar alguém que saiba português mas também conheça a Grécia, um bando de "formadores" de opinião [ou aspirantes amadores ao cargo] começam a propor teses [sempre relacionadas com o umbigo brasileiro] e até mesmo a bater boca sobre o assunto. O sujeito lê umas 20 páginas de jornais sobre o assunto e já começa a articular uma opinião cheia de certezas sobre o assunto, inclusive tomando partido e "torcendo" pela vitória de fulano ou sicrano numa eleição qualquer do outro lado do mundo.

Assim desfilam especialistas instantâneos em Venezuela que não sabem muito mais do dar nome a Caracas; especialistas em políticas sociais francesas; em movimentos islâmicos e religião muçulmana; em relações religiosas no Iraque; em agricultura no Afeganistão; em economia ucraniana e em relações étnicas na Turquia. E o pior é que parece que quanto mais superficial, mas enfática fica a voz dessas pessoas. Nem tudo que a gente encontra por aí é conversa mole: Camilla Pavanelli de Lorenzi criou uma série de "Boletins da Falta d'Água" que são tremendamente informativos e ainda por cima com uma redação divertida e interessante. Meu querido Daniel Salgado da Luz escreve volta e meia notas super-interessantes sobre a sua grande paixão, a ópera. José Geraldo Couto escreve sobre cinema para o IMS e, quer você concorde ou não, entende do que está falando. Meu colega Pedro Meira Monteiro escreve no seu Pena Vadia com um talento raro hoje em dia: consegue ser sutilmente afiado nesses dias em que confunde-se brutalidade com contundência.

Mas encontra-se muito daquilo que meu pai chamava de fancaria; às pencas, para dar e vender. 





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