Skip to main content

Adeus, Fernando Brant!

Foto minha: Água e Pedra em Diamantina
Nessa época na casa dos meus pais cada disco novo de Milton Nascimento ou de Chico Buarque era um acontecimento. Meu pai comprava o disco, levava para casa e a família inteira se reunia em volta da vitrola. Escuteavamos quase me silêncio um lado, alguns faziam uns comentários [nunca eu] e escutávamos o segundo lado. Meu pai se maravilhava com Fernando Brant e eu me encantava mesmo era com a voz do Milton. Pensava comigo que o Milton podia compor em cima de um anúncio de Colorama e tudo ficava lindo. Um desses grandes enganos da infância, direito de qualquer um. Além do mais eu curtia os discos mais antigos, menos doces e as letras nonsense do Márcio Borges. O fato é que quando Milton se fazia acompanhar de um grande letrista que sabia encontrar as palavras justas para os meandos delicados dessas melodias de fazer o coração palpitar... Fernando Brant, nos seus momentos mais felizes, era o melhor deles; meu pai tinha razão. 


Itamarandiba
Fernando Brant / Milton Nascimento

No meio do meu caminho 
sempre haverá uma pedra.
Plantarei a minha casa 
numa cidade de pedra.

Itamarandiba, pedra comida,
pedra miúda rolando sem vida.
Como é miúda e quase sem brilho a vida 
do povo que mora no vale.

No caminho dessa cidade
passarás por Turmalina, 

sonharás com Pedra Azul,
viverás em Diamantina.



Itamarandiba, pedra comida,
pedra miúda rolando sem vida.
Como é miúda e quase sem brilho a vida 
do povo que mora no vale.

No caminho dessa cidade
as mulheres são morenas,
os homens serão felizes
como se fossem meninos.



Comments

Unknown said…
Que lindo Paulo! Acho que ele era realmente o melhor deles.
Pois é, Ju, ele tinha uma certa razão quando dizia que era letrista e não poeta, ainda que eu não concordasse com os termos que ele usava. Eu acho que ele era um tipo de poeta muito, muito raro, que tinha essa sensibilidade fina para música. A gente sente claramente que ele não sentava sozinho e escrevia um poema que depois ele dava ao Milton para musicar mas que ele trabalhava com o Milton. Uma beleza!
Anonymous said…
Que música linda! Eu não conhecia.
(Tata)

Popular posts from this blog

Diário do Império - Antenado com a minha casa [BH]

Acompanho a vida no Brasil antes de tudo pela internet, um "lugar" estranho em que a [para mim tenebrosa] classe m é dia brasileira reina soberana, quase absoluta, com seus complexos, suas mediocridades e sua agressividade... Um conhecido, daqueles que ao inv és de ter um blogue que a gente visita quando quer, prefere um papel mais ativo, mandando suas "id éias" para os outros por e-mail, me enviou o texto abaixo, que eu vou comentar o mais sucintamente possível: resolvi a partir de amanh ã fazer um esforço e tentar, al ém do blogue, onde expresso minhas "id éias" passivamente, tentar me comunicar diretamente com as pessoas por carta... OS ALUNOS DE UNIVERSIDADES PARTICULARES DERAM UMA RESPOSTA; E A BRIGA CONTINUOU ... 1 - PROVOCAÇÃO INICIAL Estudar na PUC:............... R$ 1.200,00 Estudar no PITÁGORAS:..........R$ 1.000,00 Estudar na NEWTON:.....R$ 900,00 Estudar na FUMEC:............ R$600,00 Estudar na UNI-BH:........... R$ 550,00 Estudar na

Uma gota de fenomenologia

Esse texto é uma homenagem aos milhares de livrinhos fininhos que se propõem a explicar em 50 páginas qualquer coisa, do Marxismo ao machismo e de Bakhtin a Bakunin: Uma gota de fenomenologia Uma coisa é a coisa que a gente vive nos ossos, nos nervos, na carne e na pele; aquilo que chega e esfria ou esquenta o sangue do caboclo. Outra coisa bem outra é assistir essa mesma coisa, mais ou menos de longe. Nem a mãe de um caboclo que passa fome sabe o que é passar fome do jeito que o caboclo que passa fome sabe. A mãe sabe outra coisa, que é o que é ser mãe de um caboclo que passa fome. Isso nem o caboclo sabe: o que ela sabe é dela só, diferente do caboclo e diferente do médico que recebe o tal caboclo e a mãe dele no hospital. O médico sabe da fome do cabloco de um outro jeito porque ele já ficou mais longe daquela fome um tanto mais que a mãe e outro tanto bem mais que o caboclo. O jeito que o médico sabe da fome daquele caboclo pode ser mais ou menos só dele ainda, mas isso só se ele p

Protestantes e evangélicos no Brasil

1.      O crescimento dos protestantes no Brasil é realmente impressionante, saindo de uma pequena minoria para quase um quarto da população em 30 anos: 1980: 6,6% 1991: 9% 2000: 15,4%, 26,2 milhões 2010: 22,2%, 42,3 milhões   Há mais evangélicos no Brasil do que nos Estados Unidos: são 22,37 milhões da população e mais ou menos a metade desses pertencem à mesma igreja.  Você sabe qual é? 2.      Costuma-se, por ignorância ou má vontade, a dar um destaque exagerado a Igreja Universal do Reino de Deus e ao seu líder, Edir Macedo. A IURD nunca representou mais que 15% dos evangélicos e menos de 10% dos protestantes como um todo. Além disso, a IURD diminuiu seu número de fiéis   nos últimos 10 anos de acordo com o censo do IBGE, ao contrário de outras denominações, que já eram bem maiores. 3.      Os jornalistas dos jornalões, acostumados com a rígida hierarquia institucional católica não conseguem [ou não tentam] entender muito o sistema