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Traduções: Prazer e desconforto


Recentemente tive o privilégio de trabalhar na tradução para o inglês de um velho poema chamado “Dialego entre hu pastor e hu Irmitaõ" parte do memorial de Pero Roiz Soares escrito na virada entre os séculos XVI e XVII entre 1565 e 1628. 
 
De um lado a sensação prazeirosa de ler bem de perto um texto de uma época em que gramáticas, dicionários, academias e escolas ainda não tinham engessado o português nem traçado fronteiras e controles de aduana entre português e espanhol. Saudades de uma liberdade que entre reformas e tratados ortográficos eu nunca tive. 

Do outro lado o desgosto de constatar o quão antigo e articulado já era o anti-semitismo europeu, e reconhecer aquela retórica venenosa misturando preconceitos religiosos e étnicos num apelo populista contra as elites vendidas que trairam o povo cristão com um indulto aos judeus. 


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