Um monte de gente detesta poesia hoje em dia, coisa que eu lamento. Mas eu nem acho que isso seja um sinal de qualquer coisa terr�vel, afinal me disseram outro dia que Mao Ts� Tung era um �timo poeta e Hitler parece que realmente gostava muito de Wagner. N�o custa dizer que essas coisas tamb�m n�o servem para denegrir a poesia ou Wagner. Gostar de poesia ou de literatura ou de pintura ou de qualquer forma de arte n�o salva ningu�m de nada, n�o faz ningu�m melhor que ningu�m. N�o � por a�. Quem quiser anunciar as artes como b�lsamos para o esp�rito a moda dos vitorianos que achavam que a “alta cultura” era a �ltima defesa contra as hostes b�rbaras saiba que est� vendendo gato por lebre.
Monteiro Lobato conta em "O engraçado arrependido" a história trágica de um homem que não consegue se livrar do papel de palhaço da cidade, papel que interpretou com maestria durante 32 anos na sua cidade interiorana. Pontes é um artista, um gênio da comédia e por motives de espaço coloco aqui só o miolo da introdução em que o narrador descreve o ser humano como “o animal que ri” e descreve a arte do protagonista: "Em todos os gestos e modos, como no andar, no ler, no comer, nas ações mais triviais da vida, o raio do homem diferençava-se dos demais no sentido de amolecá-los prodigiosamente. E chegou a ponto de que escusava abrir a boca ou esboçar um gesto para que se torcesse em risos a humanidade. Bastava sua presença. Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes. E se entreabria o bico, Nossa Senhora! eram cascalhadas, eram rinchavelhos, e...
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