A convivência amigável entre pessoas de pontos de vista opostos costuma ficar muito difícil quando entra em jogo, de alguma forma, a luta pelo poder. Isso porque a luta pelo poder freqüentemente envolve o desejo de “eliminar” seus oponentes [desejo que toma feições tragicamente concretas em tempos de totalitarismo, quando o desejo de eliminar os oponentes de repente torna-se tentadoramente possível]. A luta pelo poder transforma rapidamente as convicções em dogmas e, primeiro esconde, depois elimina qualquer espaço para dúvidas e, conseqüentemente, para a crítica. Eliminadas todas as dúvidas, estamos prontos para fazer caricaturas grotescas de nossos “inimigos” e cobrir de tintas heróicas nossos “heróis”. Assim, para usar um exemplo recente, Chávez é, num passe de mágica, um ditador sanguinário e imbecil ou um herói revolucionário libertador. Chávez não é santo, nem uma nova encarnação do diabo. A verdade é claramente outra coisa, mas as pessoas que tentam manter o bom senso [dentro de suas convicções, não defendo aqui de forma alguma o relativismo] são acusadas, no caso, ou de se alinhar com o ditador ou de se vender aos Estados Unidos. Serão os tempos, ou será a natureza humana?
Obs. Esse post foi motivado pelo texto “amizade e política (2)” de 18/01/2008 no blogue de Marcelo Coelho
Obs. Esse post foi motivado pelo texto “amizade e política (2)” de 18/01/2008 no blogue de Marcelo Coelho
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