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Morre a crítica ou faltam veículos para ela?

Vera Lins publicou um artigo muito interessante no Suplemento Literário do Minas Gerais que foi reproduzido na internet [http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=229]
O artigo fala sobre a arte da crítica e é também uma quase autópsia do ensaio crítico no jornalismo brasileiro.
Abdicando do pensamento crítico e abraçando a entrevista e a reportagem promocional, surge o que o crítico Alcides Pécora chamou de "glosa da glosa": repete-se o que o artista disse para provar ao leitor que o artista é o que o artista disse. Mais ou menos como um cachorro que fica rodando, correndo atrás do rabo - e todos os livros e exposições e filmes sem excessão são sempre ótimos, é claro. A existência desse artigo, paradoxalmente, nega a inexistência de crítica no Brasil - felizmente. Mas o artigo toca no ponto mais sensível: o que não existe é o veículo que ofereça, com consistência e critério, um espaço para essa crítica encontrar-se com o leitor.
O problema é eminente jornalístico e não se restringe à área cultural. O recém falecido jornalista Paulo Patarra deu uma ótima entrevista [http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=430FDS008] em que respondendo a uma pergunta sobre a imprensa brasileira na área política, disse o seguinte:
"É tempo de 'fitagem': quem ganha (ou compra) gravação – de som e/ou imagem – tem manchete. E cadê a reportagem? No mais, tomem-se frescuras, cerco às celebridades, exaltações aos imbecis, dedo no gatilho até pra esquerdóides."
A fitagem a que ele se refere não é só recente a recente enxurrada de escândalos ou pseudo-escândalos em cima de telefones grampeados, mas também é o hábito de simplesmente reproduzir depoimentos gravados em entrevistas coletivas eternamente.

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